Sobre a crise e o discurso dominante

O discurso dominante tenta convencer o país da inevitabilidade da chamada “ajuda externa” a qualquer preço, indiferente ao gigantesco esbulho de recursos nacionais e ao reiterado sacrifício dos sacrificados do costume – os trabalhadores e as famílias.
O discurso dominante faz de conta que não ouve as alternativas nem as discussão sobre as razões de fundo do estado a que o país chegou.
Apesar de obliteradas do discurso dominante, as alternativas existem e têm sido apresentadas, ainda que não por quem seja aceite. Talvez por isso não são projectadas nem ampliadas.
Se estivesse aqui a pedir contas – e bem poderia! –, bastaria chamar a atenção para o singelo exemplo do perdão de impostos perpetrado pelo Governo, com a conivência da direita do costume, em relação à PT, cujo valor está muito próximo do montante da dívida pública colocada ontem em leilão nos mercados, para demonstrar com ele (e há outros!) que o Estado pode e deve recorrer a fontes internas de financiamento
Por ora, seria suficiente falar da necessidade de Estado adoptar outra atitude perante o problema, renegociando a dívida e os seus prazos e o seu valor real e batendo o pé à capitulação à usura da Finança. Mas para isso teria que discutir o problema de quem tem dirigido o Estado nos últimos… 35 anos.
Fartinho até à ponta dos cabelos do discurso dominante, sempre gostaria de ver explicado, de que forma a que os cidadãos percebam, um dos problemas de fundo: as taxas de juro impostas pelos mercados – figura omnipresente no discurso dominante e omnipotente em relação à vida das pessoas – obscenas e inexplicáveis.
Se não fosse grande incómodo, poderia o discurso dominante começar por explicar por que razões e com que legitimidade é que a banca privada se financia junto do Banco Central Europeu (BCE) a taxas de 1% para emprestar aos estados a taxas de 5%, ou 6%, ou 7%, ou…
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