As vítimas do costume

Uma das notícias do dia é a revelação, na edição de hoje do “Jornal de Negócios”, de que o “think tank” chamado “Mais Sociedade”, através do qual o PSD externaliza a discussão do seu programa eleitoral, tenciona propor mais um brutal ataque ao Estado social.
Segundo antecipa o referido diário, esse grupo de discussão criado a convite de Passos Coelho e financiado pelo PSD, pretende propor que as pensões de reforma sejam penalizadas de acordo com o tempo em que os trabalhadores tenham estado desempregados. O objectivo é reduzir as despesas com subsídios de desemprego, explica o jornal.
Tal proposta, que não aparece acompanhada por qualquer medida de protecção do emprego e de efectiva dificultação do despedimento, parece partir de uma premissa que de todo não se verifica – a de que o desemprego resulta da vontade do trabalhador.
Mais: por desconhecimento indesculpável ou por cinismo condenável, ignora que, com muita frequência, inúmeros trabalhadores são despejados pelas empresas no desemprego, sem alternativas, nos anos que antecedem a idade da reforma, passando directamente do primeiro para a segunda.
Trata-se de uma prática que beneficia os patrões e prejudica os trabalhadores e os cofres da segurança social, mas que só por cegueira cínica e brutal indiferença pelo sofrimento das vítimas se pode entender que se combate penalizando-as.
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