RTP, Lusa, sinergias e... água no bico

O ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, diz que o Governo está "disponível para reflectir e até partilhar a reflexão sobre se haverá formas que permitam criar uma racionalidade mais acrescida à participação do capital do Estado no sector público da comunicação social" e que está a estudar "soluções de agregação" visando "racionalidade e economia de custos" entre a RTP e a Lusa.
"Não escondo que poderá haver sinergias entre aquilo que é a rede de actividades da agência noticiosa (Lusa) e da RTP que eventualmente se poderiam compensar numa maior qualificação da actividade noticiosa no nosso país", disse aos jornalistas, segundo o despacho da agência replicado em vários órgãos de informação em linha.
Receio que esta "reflexão" e que esta ideia das "sinergias" tragam água no bico.
A Rádio e Televisão de Portugal, RTP, SA é uma empresa de capitais exclusivamente públicos e assim deve continuar. É um imperativo constitucional: o povo tem direito a um serviço público de rádio e a um serviço público de televisão. Por outro lado, a Lusa, sendo uma empresa de capitais maioritariamente públicos, tem quase metade de capital privado.
Ora, perante a anunciada "reflexão", não será legítimo recear que entre mexidas na "racionalidade" e o incremento de "sinergias" possa estar à bica outra coisa qualquer?
Nota final: As sinergias são geralmente um eufemismo para despedimentos. A questão não é corporativa - é mesmo de liberdade e de pluralismo.
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