Notas de campanha (9)

1. Está tudo preparado, quem tem lugar está sentado, quem não tem – e são muitos os que vieram – fica de pé. Estamos na tribuna pública em defesa do Serviço Nacional de Saúde, que vai decorrer junto do Hospital de Santo Tirso. João Ferreira, segundo candidato da CDU no distrito do Porto e membro da Assembleia Municipal, prepara-se para fazer a saudação de boas-vindas, proferir uma alocução sobre os problemas da saúde no concelho e na região e passar a apresentar os restantes oradores. Nisto, uma idosa entra no espaço, aproxima-se do secretário-geral do PCP, sentado na primeira fila ao meu lado esquerdo, e interpela-o: “Gostava de saber por que é que ninguém fala das penalizações das reformas!” Paulo Raimundo escuta-a com atenção. “Nós falamos”, garante. Ela: “Só voto em quem me responder!” E narra os dias difíceis da sua vida, os anos de descontos, o trabalho desde menina, diz que a queixa lhe vem do coração. O Paulo garante-lhe, “olhos nos olhos, que a CDU defende as reformas sem penalizações para quem tem 40 anos de descontos”. É assim. A senhora aceita a garantia. É assim o estilo de campanha da CDU – ouvir os problemas e anseios, escutar as críticas e sugestões, mostrar o que defendemos. Sem receios.
2. Ao início da tarde, outra tribuna, junto à cerca da Petrogal, em Leça da Palmeira, Matosinhos, agora dedicada à defesa e promoção da produção nacional, indispensável para a soberania do país – alimentar, energética, em matérias-primas… - mas tendo como cenário a refinaria da Galp desactivada. É um exemplo flagrante de decisões que não têm em conta as necessidades de produção e os prazo e os para as decisões estratégicas: é que Portugal continua a necessitar do gasóleo e da gasolina que produzia, e por isso os importa; mas sobretudo passou a importar as centenas de produtos derivados e aromáticos que tanta fazem - da indústria petroquímica e química de base às matérias-primas necessárias às indústrias dos plásticos e borracha, das tintas e vernizes e até cosméticos e alimentação.
3. Ao final da tarde, uma ruidosa, alegre e numerosa arruada da CDU desce a Rua de Alfredo Cunha para a Praça do Município, em Matosinhos, onde decorreria mais tarde uma sessão de intervenções. Entre o tropel de câmaras e microfones, Paulo Raimundo e os candidatos da CDU no distrito do Porto vão recebendo saudações de circunstantes e manifestações de simpatia. Uma senhora fura a comitiva e toca-me insistentemente num ombro. Pede um panfleto da propaganda. À passagem da arruada, os circunstantes aceitam o documento. Num café, um animado grupo de idosas saúda com entusiasmo o secretário-geral do PCP e os candidatos da CDU que o acompanham e reclama “papéis”. Inesperadamente, começa a entoar uma palavra de ordem improvisada: “O povo a votar e a CDU a ganhar, o povo a votar e a CDU a ganhar!” Numa paragem para declarações à comunicação social, um jornalista pergunta a Paulo Raimundo algo do tipo “como é que vê esta arruada” e ele, descrevendo um gesto largo sobre a multidão, responde “Então não vê?!” Viu-se e sentiu-se entusiasmo e alegria quando, no final, fizemos as duas intervenções finais. Quando o Paulo falava, desabou uma chuvada furiosa, mas a multidão resistiu à investida entoando a palavra de ordem que traduz a determinação dos activistas: “A CDU avança, com toda a confiança!”

Mais informações na página da CDU - Distrito do Porto

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