Notas de campanha (10)

1. Na entrada para uma reunião na direcção regional do Porto do Sindicato dos Funcionários Judiciais, um velho duplicador stencil jaz numa vitrina de memórias. Mais do que a nostalgia, retenho o papel simbólico destes equipamentos outrora utilizados da multiplicação de circulares, de boletins, de panfletos, subitamente ressurgidos da memória, em plena tarefa de propaganda, de intensificação da palavra. É preciso continuar – levar os anseios dos trabalhadores e das populações à luta, a luta ao voto e o voto em transformação.

2. Em Penafiel, há uma enorme fábrica plantada no meio de campos e vinhedos. Parece uma nave vinda de outra galáxia. O parque de estacionamento está coalhado de automóveis. Pela uma da tarde, chegam às dezenas, largas dezenas (e não seriam centenas), transportando operários que vão entrar de turno, fabricar componentes para a luxuosa marca Louis Vuitton de malas de renome mundial. Vão apressados, mas condutores descem os vidros, curiosos com a brigada de propaganda da CDU que os espera, panfletos estendidos. As propostas para melhorar a vida de quem trabalha… “É bem preciso!” E então, como são os ordenados? “O base é o salário mínimo”, sussurra uma trabalhadora. Quando a fábrica parou de devorar automóveis, o largo portão começou a correr devagar e cerrou-se por alguns momentos. Depois, passava da uma e meia, reabriu-se lentamente, já uma horda de trabalhadores deixava a nave e se dirigia para os carros. Vão saindo em fila, apressados, famintos. “Desculpe, tenho de ir almoçar”, justifica-se uma operária. Leva no regaço o panfleto da CDU e no rosto um cansaço repetido. Entrara às cinco e meia da manhã. Melhores salários, redução do horário de trabalho, regulação do trabalho por turnos. “Era bem preciso, acha que conseguem?”

3. Vem a propósito: “Lembras-te daquela distribuição naquela fábrica de Amarante?” Uma camarada da região conta: “Fui há dias ao supermercado e uma senhora toca-me no braço e diz ‘boa sorte’. Não a conhecia, perguntei-lhe as razões – e ela respondeu que tinha levado o documento para casa, esperou que o marido viesse do trabalho longe e perguntou-lhe o que achava, ela que nunca votou, e ele, depois de ler tudo, respondeu-lhe que devia votar na CDU, que lá onde trabalha há um sindicalista comunista que é boa pessoa e que o panfleto tem propostas boas. ‘E olhe no domingo somos três a ir votar na CDU!’ Estás a ver, a senhora nunca votou!”

4. No centro de Freamunde, Paços de Ferreira, a brigada corre as ruas centrais, entra nos comércios. “Os senhores já cá estiveram!” E já leu o outro panfleto? “Sim, estou de acordo!” Simpatia e bom acolhimento, como uma janela a abrir-se para o contacto. Num restaurante snack-bar, um homem ainda jovem saboreia um petisco e recebe o documento da CDU com interesse. “Estou a ler todos os programas, para informar-me.” Faz muito bem, é claro. Volvidos alguns minutos de conversa com outros clientes, regressámos à sua mesa. Então, está de acordo com as nossas propostas? Que tinha duas dúvidas. Vamos a elas! Esclarecidas as dúvidas (Eram sobre os aumentos de salários e sobre as pensões e reformas) pôs um ar sério, de quem decide ali mesmo. “Muito obrigado!”

5. A tarde vai acabar em Vila Nova de Gaia, com contacto com a população e comerciantes, intensa e alegre, com inúmeros activistas da CDU. As propostas e os candidatos para melhorar a vida das pessoas... “Obrigado, boa sorte!” E votos! Que sim, também. É inevitável – é mesmo importante! – falar de salários, de pensões e reformas, dos avanços possíveis e dos já alcançados. Este casal que aqui vai e leva um menino de dois anos ao colo solta uma queixa quando se lhe pergunta se o tem na creche gratuita. “Não tivemos direito!” Direito têm! “Mas não há vagas…” Pois o PCP e a CDU têm proposto uma rede pública de creches, com mais 100 mil vagas, mas o PS chumbou. “Isso não pode ser! Têm de ir para lá os senhores!”

Nota: nas acções de contacto em Penafiel, Freamunde e Vila Nova de Gaia participou João Oliveira, primeiro candidato da CDU à eleições europeias de Junho.

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