Também sou JN

Apesar de legalmente impedido, pelas circunstâncias que são do domínio público, também "sou JN".

A luta em curso na Global Media Group, assim como a expressão de solidariedade para com os que, sendo chamados colaboradores, também são trabalhadores e têm direito ao salário, traduzida na recolha de fundos para o assegurar, são um exemplo de empenho, dedicação e coragem que os jornalistas portugueses devem ter bem presente.

Trata-se de uma luta e de um processo que, infelizmente, estão para durar e que exigem ânimo redobrado.

A Administração não pode continuar a ameaçar com a falência do grupo nem com com a extinção do JN e das restantes publicações. E os accionistas têm de assumir as suas responsabilidades, pelo tempo presente e pelo futuro do grupo, mas também pelo passado.

Não deixa de ser singular que, na mesmíssima entrevista em que comentou a intenção de livrar-se de 200 trabalhadores (sem explicar como será possível fazer o JN e as restantes publicações e a TSF), o presidente da Comissão Executiva anunciou o lançamento de um novo jornal no próximo trimestre.

Já vimos este filme: não há dinheiro, mas "fazem-se apostas" que custam milhões.

Deixarei para outra oportunidade o desenvolvimento de um comentário que agora deixo breve: se quisermos compreender o que aconteceu a JN, é útil recuarmos à sua privatização, ao valor oferecido pela então Lusomundo; à "visão" desmesuradamente ambiciosa da Portugal Telecom para o "negócio multimedia"; e tudo o mais até aos dias de hoje

Os meus amigos dirão que nunca me conformei - e é verdade - com a privatização da velha Empresa do "Jornal de Notícias", SA, nem com o seu desmantelamento e a entrada num processo de concentração que lhe foi deletério.

Um dia, far-se-á a história de tudo isso. Por ora, gostaria simplesmente que os poderes e as autoridades públicas extraíssem as devidas lições e as consequências adequadas.

Coragem e força, camaradas!

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