TSU: recuo táctico ou endrominação?

Alguns editorialistas, colunistas, comentaristas e comentadores chamaram "um erro" ao novo roubo aos trabalhadores que o primeiro-ministro anunciou, no passado dia 7, comunicado ao país que "o Governo decidiu aumentar a contribuição para a Segurança Social exigida aos trabalhadores do sector privado para 18 por cento", ou seja, um aumento real de 63,6%, que é o que o acréscimo de sete pontos percentuais representa.
O clamor da flagrante injustiça do esbulho foi de tal ordem, tal a abrangência de posições contra (até os patrões estiveram, digamos, ao lado dos sindicatos!) que a trupe governamental e a pandilha parlamentar ficaram atarantadas, o Presidente da República achou por bem chamar o ministro da Austeridade ao Conselho de Estado, o parceiro da ainda coligação fez de conta que falou grosso e até o padrinho do, por assim dizer, primeiro-ministro veio hoje aconselhar o dito a recuar. Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém...
Vai daí, o ministro Álvaro lá veio dizer ao povo que o assunto ainda é coisa para generosa abertura do Governo, assim se fale com os parceiros, que a dialogar, já se vê, é que a gente se entende e que a procissão ainda vai no adro e, quando a contenda acabar, ainda haveremos de rir todos do mau bocado - e por aí fora.
Não me levem a mal, mas desconfio das generosidades aos rompantes, julgo topar recuos tácticos à distância e não engulo simulações de diálogo. Como diz o povo cá de cima: eles estão a endrominar-nos... Se fosse homem de apostar, apostaria já singelo contra dobrado como a coisa não acabará em bem!
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