Petições, jornalismo e transparência editorial


O "Diário Económico" lançou hoje uma petição pública abertamente contra novo aumento de impostos, ameaça que nos últimos vem tomando corpo na Imprensa.
A iniciativa não é completamente inédita: há tempos, o "Correio da Manhã" promoveu uma petição com vista à criminalização da corrupção, se bem me recordo. 
Há quem entenda discutível que um jornal adopte um pronunciamento público sobre estas matérias e que tome mesmo a iniciativa de constituir-se motor de uma iniciativa, digamos, popular.
Sem discorrer, agora, sobre o concreto conteúdo do texto da petição, em relação ao qual tenho várias discordâncias, gostaria de deixar claros três pontos que me parecem essenciais para um debate sobre esta iniciativa e os efeitos e consequências, a saber:
  • A assumpção de um pronunciamento e a liderança de uma iniciativa popular por parte de um jornal não é ilegítima, mas é arriscada,  na hipótese de este pretender afirmar uma imagem de neutralidade.
  • Há mais vantagens em declarar, pública e claramente, uma posição e em assumir abertamente um objectivo do que prosseguir um jornalismo de campanha sem assumi-la de forma transparente perante os leitores e o público em geral.
  • A circunstância de um jornal assumir uma causa - sob a forma de petição ou outra - não deve afunilar a abordagem editorial e noticiosa dos assuntos e muito menos limitar a liberdade e o pluralismo informativo, internos e externos.

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