Tipo, um telefonema ou um sms não chegam?

Talvez haja por aí um piedoso e paciente leitor que seja capaz de explicar por que razões as direcções do PSD e do CDS, dotadas de tão recatadas e discretas artes da negociação e da diplomacia, necessitam de trocar publicamente convites para reuniões e anuências a convites para as ditas reuniões e expectativas de que os convites para as reuniões se concretizem, quando os seus mais destacados membros e respectivos ajudantes se cruzam todos os dias nos corredores do poder, ou pelo menos telefonam-se, ou pelo menos trocam uns SMS se estão sem paciência recíproca para ouvir as respectivas vozes, podendo muito bem tratar as coisas mais ou menos assim: 
 – Está? É o Paulo (ou o Pedro, pronto, conforme a ordem da iniciativa)? Está(s) bom?... Pá ("Sr. Dr.", "Paulo/Pedro", confirme o nível de intimidade e a origem da iniciativa), precisamos de falar...
 – Estou, obrigado, e tu/você/o senhor/o Pedro/o Paulo?... Pois... Precisamos, quem?
  Nós, os líderes, as direcções dos partidos da coligação, e tal e coisa...
  Acho bem, pois, e tal e coisa, e coisa e tal...
  Óptimo (ou "porreiro", também pode ser, ainda que tratamento mais apropriado a clima menos crispado). Onde?, a que horas?
  Então, que tal se fosse em tal-sítio-assim-assim?
  Hhuummm.. esse não me dá grande jeito. Então se fosse no sítio-tal-e-tal?
  .... bem... OK. Lá estaremos. Às xx horas?
  Pode ser. Lá estaremos. Abraço (facultativo)
  Até lá (lá está, o "Abraço" é facultativo...)
Haverá?
Agradecido. É que a coisa faz-me cá uma grande confusão: ou já não há relações institucionais e corteses como antigamente, ou a crispação atingiu o máximo e num nível sem retorno...
.

Mensagens populares deste blogue

Jornalismo: 43 anos e depois

O serviço público de televisão e a destruição da barragem de Kakhovka: mais rigor, s.f.f.

O caso Rubiales/Jenni Hermoso: Era simples, não é?