Com estas e com outras, tenho-me esquecido de avisar que "O Tempo das Cerejas", do Vítor Dias, mudou ligeiramente de endereço. Desde há uns tempos, está aqui. Recomendável, sempre, nas minhas outras naves.
Tarde, mas expectáveis, vieram os grandes incêndios. Encontraram vegetação abundante e seca, tempo quente, velocidades do vento elevadas, humidade relativa do ar muito baixa: condições explosivas. Quem sabe destas coisas, costume resumir tais condições à “regra dos três 30” – temperatura do ar superior a 30 graus Celsius (ºC); velocidade do vento superior a 30 quilómetros por hora (Km/h) e humidade relativa do ar inferior a 30%. Mas que há muitos anos se pronuncia sobre as condições favoráveis à rápida e extensa propagação dos incêndios, permitindo-lhes percorrer áreas inimagináveis para quem estiver por dentro do assunto, também tem chamado a atenção para as causas estruturais. Tenho, no meu acervo (profissional) de entrevistas, reportagens, notícias e artigos, mas também de colóquios que frequentei e sabatinas que me enriqueceram, declarações e explicações de muitos responsáveis, nomeadamente da chamada Protecção Civil, chamando a atenção para o (não por acaso) “pilar da ...
É forçoso voltar ao assunto da clara insuficiência (mesmo ausência?!) de informações verificadas e contrastadas pelos jornalistas acerca da realidade nos teatros de operações das guerras e dos riscos, comprovados, de instrumentalização dos meios de comunicação social dominantes e de evidente manipulação das massas. Comecemos por recordar o essencial: Desde que as agências noticiosas, os jornais, as rádios e as televisões (ah! ainda muito antes de sonharmos com as maravilhas da Internet!) difundem notícias da frente de batalha, as notícias da frente de batalha são, em geral, o que os contendores quiserem. Cada um deles distribui o respectivo boletim de baixas, perdas de equipamento, avanços e recuos de tropas, êxitos e fracassos, objectivos militares conquistados e perdidos, etc., que entender. Não há qualquer mecanismo de controlo e de verificação independente (sublinhe-se: independente) que permita contrariá-lo. Para dar (alguma, pelo menos alguma, algo que “cheire” a algo...
Quem tivesse visto pela primeira vez, no Jornal da Tarde de hoje, a reportagem dos enviados especiais a Israel em Jenin, na Cisjordânia, cuja carrinha foi alvo de disparos das tropas israelitas de ocupação, teria ficado com a convicção de que acabara de acontecer. A ideia é reforçada não só com a completa ausência de referências, da pivô e nas imagens transmitidas hoje, ao facto de o incidentejá ter sido relatado ontem , mas também pelo tom do “oráculo” (espécie de título em rodapé na emissão) inserido durante a transmissão do directo dos enviados da operadora pública de televisão. Os responsáveis da RTP sabem – e têm a estrita obrigação de saber! – que as imagens, incluindo as referências gráficas (oráculos incluídos), produzem nos espectadores efeitos decisivos ao nível da apreensão e da compreensão das mensagens. Como sabem que as noções de actualidade se prendem muitas vezes com a ideia de algo que, se não está a acontecer no momento em que é transmitido, acabou de acontece...