Como quem não quer a coisa

Como quem não quer a coisa, as mensagens lá vão passando, sorrateiras, fazendo o seu caminho de persuasão e de imposição pela lógica da inevitabilidade (um dia destes, crio uma etiqueta assim mesmo - Inevitabilidade).
Por exemplo:
À força de tanto irem dizendo que, não senhor, o Governo não pensa acabar com os subsídios de Natal e de férias, mas que, enfim, há muitos países onde tal privilégio não existe;
À força de tanto bater na tecla do monstro, de tanto execrar o peso do Estado, de tanto apontar o dedo à alegada adiposidade do funcionalismo público, a tal ponto que toda a gente se estará nas tintas em mais 15 mil trabalhadores do sector público na calha para o despedimento;
À força de tanto e tanto fazedor de opinião a repetir, a repisar, a diabolizar, de tanto repetir que, por definição e ao contrário das empresas privadas, o Estado não é produtivo sem que ninguém peça o favor de demonstrar tamanha asserção,

Um dia destes, a tramóia ideológica contra o Estado lá terá levado a sua avante. Será então demasiado tarde: o Estado ter-se-á extinguido.
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