"Eles" estão a organizar-se

Tenho afirmado, em diversas ocasiões e lugares, que a Internet, e em particular a blogosfera, representam uma oportunidade de cidadania e de expansão da capacidade de intervenção dos cidadãos do espaço público. E acrescentado que, no que tange ao futuro do jornalismo e dos jornalistas, isso não é um problema: é um desafio extraordinário para eles. Sobretudo quanto às lições que podemos extrair do crescimento do fenómeno e das muitas explicações que podemos elaborar sobre as suas causas e as suas consequências.
Tenho arriscado, por exemplo, a explicação de que a blogosfera e os sítios independentes na Rede correspondem a uma revolta dos escravos que pretendem libertar-se do cerco da concentração da propriedade dos media e/ou encontrar saídas para a sua insatisfação com a orientação, os conteúdos e as práticas dos meios "tradicionais", procurando, tratando e distribuindo informação alternativa e dispensando a mediação dos jornalistas, e, até, escrutinando as práticas dos profissionais (voltarei ao tema para apontar alguns exemplos interessantes).
Trata-se de um fenómeno político muito importante, que valoriza a intervenção cívica e coloca questões novas, tanto no domínio do exercício da liberdade de expressão e do direito de crítica dos cidadãos, como no inevitável confronto entre esses direitos e as ordens estabelecidas nos estados.
O debate está na ordem do dia e os cidadãos começam a organizar-se para resistir e para agir. Um exemplo muito interessante é a fundação, no estado brasileiro do Paraná, da Associação dos Blogueiros Progressistas, em reacção a perseguições políticas como a aquela de que se queixa Esmael Morais. Um caso a seguir com muita atenção.
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