O Nobel da Medicina e o Vaticano
O reconhecimento, com o Prémio Nobel da Medicina, da decisiva contribuição de Robert G. Edwards para a procriação humana medicamente assistida, através da sua técnica de fecundação in vitru, veio tarde mas é justo - segundo a multiplicidade de vozes do mundo científico citadas hoje pelas agências noticiosas internacionais.
O Vaticano, porém, através do presidente da Academia Pontifícia para a Vida, Ignacio Carrasco de Pala, que trata dos problema da ética das ciências, veio meter a sua colherada e acusar o cientista de estar na origem de problema do abandono e a morte de embriões não utilizados. "Sem Edwards, não existiria um mercado onde são vendidos milhões de ovócitos nem haveria no mundo um grande número de congeladores repletos de embriões", disse à agência italiana ANSA, citada pela France Presse
Desde 2008 que o Vaticano aceita a fecundação assistida, mas considera "moralmente ilegal" a técnica desenvolvida por Edwards e pelo seu colega Patrick Steptoe que há 32 anos (25 de Julho de 1978) fez nascer Louise Joy Brown, o primeiro "bebé-proveta", alegando que ela representa o "sacrifício de um número elevado de embriões".
São antigas e complexas as discussões sobre os problemas éticos que estas e outras técnicas suscitam. Mas elas permitiram avanços decisivos na medicina reprodutiva e na medicina em geral que abriram novos horizontes para inúmeros casais inférteis (quatro milhões de pessoas nasceram nas últimas três décadas graças à fecundação in vitru). Um saldo humano para ter em conta...
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