Algo está mal nesta cena, não está?
Há vários elementos muito estranhos nesta cena montada para consumo mediático na Casa Branca, mas que parece ter deixado anestesiada a comunicação social dominante, em particular o Serviço Público de Televisão português, embevecida com a presença inédita de uma criança em pleno cenário comunicacional.
Não sei o que terão pensado os jornalistas que "cobriram" o acontecimento (qual deles?), mas a participação do filho mais novo do todo-poderoso Elon Musk nesta encenação, à qual fizeram adocicadas referências, geralmente acríticas e cúmplices, nada tem de inocente e constitui uma manobra indecente de manipulação dos telespectadores.
Provavelmente não sei como reagiria se estivesse naquela sala, naquele instante, a registar o momento em cima do próprio momento. Mas alguém, com o afastamento físico, psicológico e profissional e a correspondente análise fria e objectiva que se impunha, algures nas salas de regie e nas redacções, deveria ter sido capaz de reflectir sobre o que estava a acontecer, de medir os efeitos e os objectivos da encenação. E de colocar-lhe um ponto final - "corta!"
Depois, temos o discurso do senhor Elon Musk, que não foi eleito e nem sequer submetido ao crivo (o que quer que isso seja nestes dias...) do Congresso norte-americano, mas que durante toda a cena perora - tranquilamente, com a doce tranquilidade de um pai-de-família que vai afagando o inocente pequenote, mas investido de uma autoridade sobrenatural - sobre a inevitabilidade os despedimentos gigantes que a Administração dos EUA está a preparar.
Aguardo as reportagens sobre as famílias destroçadas pelo aparelho Trump-Musk e restante pandilha.