Notícias da Venezuela: jornalismo, precisa-se
De vez em quando, a agência espanhola
Europa Press vai difundindo algumas notícias fora do padrão dominante, nomeadamente
sobre a situação na Venezuela, seja porque não pode ignorar em absoluto o que se
passa no “outro lado” do enfoque que os grandes meios disseminam, seja porque o
que lhe resta de pudor jornalístico (deveria chamar-se ética…) lhe impõe esse
mínimo de obrigaçãozinha.
É o caso das notícias
sobre o andamento do apuramento judicial, com peritagem imparcial, dos resultados
das eleições do passado dia 28 de julho, tramitação que a generalidade dos grandes
(e, por arrastamento, dos pequenos…) meios de informação simplesmente ignora –
ou, pior!, omite – preferindo dar largas à narrativa da fraude anunciada pela oposição
antes mesmo das eleições.
É muito interessante observar
como o sistema mediático que suporta a ingerência internacional nos assuntos
venezuelanos subtrai aos leitores, aos espectadores, aos ouvintes e aos internautas
um facto com a relevância judicial e política com a magnitude que este reveste.
Como é também sintomático que a
generalidade dos media se tenha abstido de noticiar as manifestações em
mais de uma centena de cidades venezuelanas em apoio do presidente Nicolás
Maduro, ao passo que vai noticiando, sem grande suporte, as manifestações da
oposição.
Supondo saber do que falo,
custa-me ver, ouvir e ler a avalanche tendenciosa e tantas vezes ignorante (no
sentido de desconhecimento das realidades “relatadas”) de notícias sobre a
situação na Venezuela em geral e as últimas eleições presidenciais em
particular, omitindo sistematicamente informações essenciais que habilitem o
público a conhecer o melhor possível o que está a acontecer e o seu contexto.