Notícias da frente, que informação na retaguarda?

 

É forçoso voltar ao assunto da clara insuficiência (mesmo ausência?!) de informações verificadas e contrastadas pelos jornalistas acerca da realidade nos teatros de operações das guerras e dos riscos, comprovados, de instrumentalização dos meios de comunicação social dominantes e de evidente manipulação das massas.

Comecemos por recordar o essencial: Desde que as agências noticiosas, os jornais, as rádios e as televisões (ah! ainda muito antes de sonharmos com as maravilhas da Internet!) difundem notícias da frente de batalha, as notícias da frente de batalha são, em geral, o que os contendores quiserem.

Cada um deles distribui o respectivo boletim de baixas, perdas de equipamento, avanços e recuos de tropas, êxitos e fracassos, objectivos militares conquistados e perdidos, etc., que entender. Não há qualquer mecanismo de controlo e de verificação independente (sublinhe-se: independente) que permita contrariá-lo.

Para dar (alguma, pelo menos alguma, algo que “cheire” a algo imparcial?) credibilidade às informações, o aparelho mediático dominante rendido às narrativas dominantes (leia-se: de dominação da informação…) socorre-se, amiúde, dos dados (generosamente, ou interesseiramente?) disponibilizados por entidades aparentemente independentes.

No “conflito sírio”, tivemos o chamado Observatório Sírio para os Direitos Humanos; mais recentemente, e concretamente em relação à situação na Ucrânia, temos o Instituto para os Estados da Guerra – na realidade um mero centro norte-americanode influência dos media e da opinião pública.

As informações e os “pontos de situação” da guerra que vai publicando valem o que valem e servem para o que servem. Ainda ontem, naCNN, o major-general Carlos Branco, cuja credibilidade técnica, militar e científica no que à carreira, folha de serviços e fundamentação em ciências militares tange, dispensa críticas, fazia uma discreta manifestação de dúvida sobre os dados que publica (“eu tenho outros”, observou…).

Cá por mim, e valendo a minha experiência profissional o que vale, sempre me parece que o menos arriscado, jornalisticamente, é procurar publicar as informações provenientes da maior diversidade de fontes de informação possível.

Sobretudo quando, manifestamente, as agências internacionais cujo serviço noticioso é pago pelos jornais, pelas rádios e pelas televisões, não distribuem informação sobre os dois lados, impõe-se redobrado esforço na procura de informação o mais original possível – nem que sejam as agências nacionais.

Já agora, vale a pena procurar informação nos sítios da agência russa Tass e da ucraniana Ukrinfom. E comparar…

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