Quando o Presidente da República inspira a ofensiva contra um congresso partidário

 

XXI Congresso tem vindo a ser preparado em largas centenas de reuniões com todos os cuidados (Foto: PCP) 

Como era de prever, está já em marcha a ofensiva contra a realização do XXI Congresso do Partido Comunista, agora a pretexto das regras em vigor no novo estado de emergência decretado pelo Presidente da República, com Marcelo Rebelo de Sousa a lançar gasolina para a fogueira.

Em declarações, hoje, aos jornalistas, que o teriam questionado sobre tão candente matéria, Marcelo entendeu alongar-se muito para além do que se espera de um Chefe de Estado que pretenda ser pertinente na chamada de atenção quanto ao cumprimento de regras constantes do Decreto n.º8/2020, de 8 de Novembro.

As declarações que faz e a forma como repisa no suposto dever de exemplo, a pretexto do recolher obrigatório (23 horas), fazem resvalar Marcelo para a demagogia a que nos habituou, condicionam a percepção que os cidadãos terão sobre os alegados riscos que o Congresso representa para a saúde pública e insinuam que os dirigentes e congressistas do PCP se encontrarão numa situação de privilégio.

O que o Presidente da República deveria dizer, sem outras considerações ou recados, é que o PCP é um partido responsável, irrepreensivelmente organizado, e que no Congresso, como em todas as suas iniciativas, cuidará devidamente do cumprimento de todas as normas.

E quanto ao que parece afligir mais os jornalistas e Marcelo Rebelo de Sousa – o recolher obrigatório às 23 horas –, ficar-lhes-ia bem recordar que, ao contrário dos congressos dos demais partidos, que entram pela madrugada dentro, as sessões dos do PCP terminam a horas folgadamente compatíveis com a agora exigência sanitária. Sem esquecer que actividades desta natureza devem estar excepcionadas das restrições gerais.


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