João Ferreira, a única oportunidade de convergência consequente


Decorreu, na tarde de hoje, no Forum da Maia, em boa ordem e observando escrupulosamente todas as regras de segurança sanitária, um magnífico comício do candidato João Ferreira a Presidente da República. Foi mais uma jornada que comprovou o crescimento dos apoios de diversos quadrantes políticos e de personalidades de distintas actividades profissionais e campos de intervenção social e cívica. Tive a oportunidade de dizer as palavras que se seguem.

Uma grande e fraterna saudação a todas e a todos que vieram participar nesta magnífica jornada, apesar das condições adversas em que decorre esta primeira ronda de iniciativas.

Aqui estamos, com força, determinação e coragem, para darmos as boas-vindas e oferecermos o nosso empenho na campanha da candidatura de João Ferreira a Presidente da República.

Aqui estamos, num dos mais importantes municípios do distrito do Porto, um concelho governado há quatro décadas por sucessivas maiorias de direita, cujas políticas de envernizado êxito no centro da cidade não conseguem dissimular a assimetria do desenvolvimento do seu território, as bolsas de pobreza e de habitação degradada, a gritante falta ou a insuficiência de transportes públicos, a ausência de uma política pública de cultura digna desse nome, as desigualdades intermináveis e um modelo social e económico a que urge pôr termo.

Aqui estamos, numa cidade, num concelho e numa região que reflectem bem as dificuldades que condenam uma geração inteira a empregos precários e mal pagos, mesmo para os mais qualificados e exigentes, a rendas e prestações de casa elevadas a valores de obscena exploração do simples direito de milhares e milhares de jovens adultos a terem a sua própria habitação e a constituírem família, submetidos ao impiedoso rolo compressor da especulação imobiliária.

Estamos também aqui, num concelho e num distrito onde os presidentes de câmara, sem terem promovido o debate nos órgão deliberativos – as assembleias municipais – ou pelo menos auscultado todas as forças nelas representadas, se juntam a reclamar medidas restritivas de direitos no contexto de uma pandemia, cavalgando a onda do medo e contribuindo para desvalorizar a intervenção cívica e política dos cidadãos.  

É neste quadro que se desenvolve o lançamento das eleições para Presidente da República, previstas já para Janeiro, um quadro no qual se procura passar a ideia de que há um consenso indiscutível sobre a recondução do actual titular, sem que se esbocem sequer quaisquer intenções de escrutinar o mandato cessante ou se enunciem legítimas exigências em matéria de deveres da função presidencial.

É também neste quadro que se apresenta a candidatura de João Ferreira a Presidente da República.  

Comunista, com provas dadas no campo da intervenção política em defesa dos valores de Abril, vereador na Câmara Municipal de Lisboa e deputado no Parlamento Europeu, proposto pelo PCP como primeiro e indispensável impulso, João Ferreira reúne já o expressivo apoio de amplos sectores da sociedade, da cultura, da ciência e do mundo do trabalho, de cidadãos de distintos quadrantes e opções políticas, mas que convergem na urgência da afirmação de um programa transformador de que esta candidatura é portadora.

  • Um programa que coloca em evidência as atribuições e competências do Presidente da República, especialmente o dever de defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição;
  • Um programa que tem como objecto e razão de ser os problemas do país e da sua soberania e desenvolvimento e, neles, as condições de vida dos trabalhadores e do povo;
  • Um programa que, por ser coerente e consequente, exige do Presidente da República uma atitude de permanente vigilância do cumprimento e do respeito pela Constituição, numa ampla gama de preceitos e garantias, desde logo ao trabalho com direitos, à saúde e à protecção pública na doença, no desemprego e na reforma, à habitação digna, à produção e fruição culturais, à qualidade ambiental ao lazer e à qualidade de vida;
  • Um programa que assuma, como condições fundamentais para o desenvolvimento e a independência nacional, a rejeição das imposições da União Europeia e o esbulho da grande finança e devolva a soberania nacional económica e monetária, que desenvolva a autonomia e restabeleça a capacidade produtiva na agricultura, nas pescas e na indústria transformadora, que valorize o trabalho e a justa distribuição da riqueza, que requalifique e valorize os serviços públicos, que promova a educação, a investigação científica e a elevação cultural dos cidadãos;
  • Um programa que, cumprindo a Constituição e defendendo a Paz, coloque na ordem do dia a imperiosa desvinculação do Estado Português das operações de ingerência nos assuntos de estados soberanos e na vida de outros povos, de disseminação de guerras e conflitos, assim como a defesa da dissolução dos blocos políticos e militares e a subscrição e ratificação urgentes do Tratado de Proibição das Armas Nucleares (TPAN) – tratado este que Portugal, obediente ao comando dos Estados Unidos e da NATO não só não votou como nem sequer negociou.

A candidatura de João Ferreira distingue-se de facto de outras candidaturas apresentadas como pertencentes ao campo da esquerda, pelo que representa de potencial de convergência em inúmeras dimensões da intervenção política e de projecto transformador.

Ao contrário do que tantas vezes se procura propalar (nem sempre com objectivos inocentes…), a pretexto de uma pretensa necessidade de unir a esquerda em torno de uma personagem mais ou menos bafejada pelos favores dos grandes meios de comunicação social e pelas agências de sondagens, a candidatura de João Ferreira é insusceptível de confundir-se com outras ou de claudicar.

Num quadro em que o Presidente cessante é o candidato do pretenso consenso, precisamente porque é um garante de que nada de essencial se altera na ordem estabelecida pelo sobrevivente de facto Bloco Central, e no qual a extrema-direita xenófoba (é o fascismo em ascenso) explora os caminhos da demagogia populista, afirmando-se antissistema mas contribuindo de facto para a perpetuação do modelo capitalista que está na origem da pobreza e da exploração e das mais diversas formas de discriminação, a candidatura de João Ferreira representa a única oportunidade de convergência consequente dos democratas.

É por isso que aqui estamos – para afirmar esta oportunidade de mudança.

Viva a candidatura de João Ferreira!


(A fotografia foi retirada, com a devida vénia, da página João Ferreira 2021)

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