Médio Oriente: escalada perigosa

Poucas horas depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, assegurar aos jornalistas que "não procura a guerra" e de justificar que o assassínio do general iraniano Qassem Soleimani, com um ataque de mísseis lançados por uma aeronave não tripulada (vulgo "drone) se destinou a "parar a guerra" (???!!!), os Estados Unidos acabam lançar um novo ataque aéreo, bombardeando outra coluna de viaturas da coligação xiita Hachd al-Chaabi (Mobilização Popular), no norte do Iraque, e causando mortos e feridos.


O ataque confirma que os Estados Unidos estão apostados numa escalada militar no Médio Oriente cujas consequências são imprevisíveis, embora seja possível antever um cenário de deflagração envolvendo vários países da região, tornando ainda mais perigosa a complexa instabilidade. Assinale-se, por outro lado, que Soleimani, 62 anos, era um comandante verdadeiramente nodal na região, na luta contra as organizações terroristas "Estado Islâmico" e Al-Qaeda e na resistência às ameaças norte-americana e israelita.   

Resta saber como vai o Iraque desembaraçar-se do poderoso aliado que, aparentemente contra a sua vontade, decidiu eliminar uma personalidade que Bagdad reconhece como pertencendo à "liderança" iraniana e que o seu assassínio constituiu uma violação da soberania iraquiana e do mandato das tropas norte-americanas no país.

Hoje, o Parlamento iraquiano deve reunir-se para tomar decisões para acabar com a permanência dos EUA no país, mas é cada vez mais difícil prever o que vai realmente acontecer, com Washington a reforçar o seu contingente militar na região (ontem mesmo foi ordenado o envio de três mil pára-quedistas para a região (além dos 14 mil nos últimos meses) e mesmo no Iraque (aos 5200 soldados, juntaram-se anteontem mais 700).
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