75 anos depois de Auschwitz
No dia em que se assinala o 75.º aniversário da libertação,
pelo Exército Vermelho, do campo de concentração e extermínio nazi de Auschwitz,
não pode subsistir a mais ínfima dúvida acerca dos significados da maior
tragédia humana que alguma vez se abateu sobre nós.
Numa época de banalização do ódio, como se o nazi-fascismo
tivesse sido um mero acidente na História, de reescrita de factos como se fosse
possível obliterar causas e responsabilidades, é bom que tenhamos presente que
os acontecimentos da II Guerra Mundial e o extermínio – de judeus, na maioria,
mas também comunistas, ciganos, vagabundos, homossexuais… – não são o resultado
somente da insanidade de um homem e do seu bando de terror levada a extremos
inimagináveis.
A inspiração supremacista, os sentimentos de vingança
destrutiva e a voragem de lucros imensos, custasse o horror que custasse o
sacrifício da vida de milhões de seres humanos, de que o capitalismo se nutriu
abundantemente, correspondiam a um sinistro projecto de sociedade que teve
autores, agentes, executores e muitos, muitos cúmplices.
75 anos volvidos sobre o que foi o fim desse inferno, a
assinalar, em 9 de maio, não podemos deixar de continuar a combater, cada vez
com mais determinação, o regresso do fascismo, que hoje, às escâncaras, vai
retomando as suas teses, o seu discurso e o seu projecto sob as mais diversas
formas.
Não, não podem passar!
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