O individualismo é tramado
Em “Terra de Catarina
– Do Latifúndio à Reforma Agrária, Ocupação de Terras e Relações Sociais em
Baleizão” (Celta, Oeiras, 2006), Margarida Fernandes discute, entre outros aspectos
interessantes, as razões pelas quais a colectivização “falhou”, propondo-nos
também uma reflexão sobre o problema do individualismo, muito útil para a
abordagem à falência de outras
experiências colectivas.
No essencial,
resulta a noção de que a acção colectiva, designadamente através das
cooperativas e que talvez pudéssemos estender aos sindicatos, só é válida e
importante na medida em que permite concretizar e satisfazer objectivos e
anseios individuais, e enquanto estes durarem.
Nesse sentido, a
dimensão colectiva resulta meramente instrumental da satisfação de necessidades
e objectivos individuais imediatos e transitórios, circunstancialmente comuns a
um de indivíduos. Uma vez colocados perante uma ameaça externa ou na
expectativa de que os fins individuais serão alcançados, estarão na disposição
de “unir-se”. Transitoriamente…
Ainda que não
partilhe dessa possibilidade tão sombria, ocorreu-me isto a propósito da mais
ou menos recorrente evocação da “unidade da classe” como aquisição de “outros
tempos”, bem como de certas reflexões que venho fazendo sobre os concretos
obstáculos à materialização de alguns projectos colectivos.
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