Uma pergunta de Pedro Malaquias

Declaração prévia de interesses: gosto de ouvir o Pedro Malaquias a ver os jornais do dia. Escuto-o, na Antena 2, a perscrutar muito além do óbvio, da espuma dos títulos e da agenda da actualidade - está o dia a nascer para tanta gente, é madrugada para outra... - e tiro o proveito das sua interpelações certeiras (e do humor por vezes corrosivo) às notícias, às pessoas que nelas são objecto, aos seus autores.
Há dias em que deixa desconcertantes perguntas no ar. Aconteceu hoje. Dava-se o caso de sinalizar a notícia do "Público" sobre o alarme que dão os industriais da restauração: em três meses, nove deles suicidaram-se. E o Pedro Malaquias larga assim a pergunta, se a memória me não falha: "e isto não pesa na consciência de ninguém?".
Fiquei pensando na pergunta o dia inteiro. E, à noite, no regresso a casa, observando nas ruas e avenidas do meu percurso, não pude deixar de ouvir o ensurdecedor e acusador silêncio dos restaurantes semi-desertos nem de pesar o negrume da desistência nas vidraças.
E não pesará isto na consciência de ninguém?
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