O capote comprometido do Sr. Murdoch

O senhor Rupert Murdoch e o filho, James, compareceram hoje - intimados depois de terem declinado o convite - perante a comissão parlamentar britânica que está a inquirir o gravíssimo escândalo das escutas telefónicas, subornos à polícia, chantagem e outras patifarias feitas pelo jornal "The News of the World", que poderá afectar a uma escala ainda inimaginável o super-grupo planetário News Corporation.
Em resumo, Murdoch disse nada saber sobre tais coisas e que a culpa não é dele mas das pessoas em quem ele confiou e nas que estas confiaram. Agora, depois de sacudir a água do capote, só tem a trabalheira de limpar o que está sujo - coisa pouca, porque afinal, argumentou, o polémico tablóide britânico recentemente encerrado por causa do escândalo representava apenas 1% dos seus negócios e os 200 trabalhadores uma insignificância no universo de 53 mil funcionários em todo o Mundo.
Amanhã, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, comparece por suas iniciativa perante o Parlamento para fazer uma declaração, mais uma, sobre este escândalo que o envolve seriamente. E não apenas por ter escolhido para director de comunicação o director do tablóide à época das escutas denunciadas há alguns anos. Mas pelas suas fortes ligações a pessoas-chave da trama e pelo apoio declarado pelos jornais de Murdoch aos conservadores e a Cameron nas últimas eleições.
As relações promíscuas entre meios de informação, política e polícia correspondem a uma das vertentes principais do que está em discussão com este caso. Mas convém não esquecer os outros dois vértices deste triângulo vicioso - desde logo a vertente da concentração da propriedade dos meios de informação; e a das práticas profissionais. Muita tinta vai continuar a correr sobre tudo isto...
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