Coisas que fazem confusão no caso Murdoch/"News of the World"

No caso "News of the World" (NoW) - escândalo das escutas telefónicas + subordonos a polícias + outra patifarias + etc. - há coisas que me fazem muita confusão. 
Entre elas, avulta a de ninguém saber, segundo garantem os depoentes na inquirição parlamentar, que havia pagamentos a detectives e polícias e tal e coisa. Que diabo! - bem sei que o NoW tirava qualquer coisa como uns sete (ou mais) milhões de exemplares e que tais despesas seriam peanuts no orçamento da News International, mas alguém haveria de sancionar a despesazinha... 
Assim como continua muito longe de esclarecer a promiscua relação de David Cameron com os senhores Murdoch - Rupert, o pai e líder do grupo planerário & James filho, chefe da filial britânica - e com a antiga directora do NoW, Rabehkah Brooks, entretanto promovida na subsidiária News International, assim como a escolha de Andy Coulson, ex-director do dito tablóide, para director de comunicação do primeiro-ministro.
E, finalmente, e agora muito a sério: faz-me muita espécie que, na discussão (política e mediática) de todo este interminável romance, praticamente se omita um palavrão maldito - concentração. É que, por muito que nos esqueçamos, ou tentemos iludir, há um problema de fundo que está subjacente a todo este caso e ao mais que se apurar, que é o da concentração da propriedade dos meios de informação.
E esta concentração - nunca é excessivo repetir - representa não apenas a concentração da capacidade de recolher, tratar e distribuir informação, mas também a de intervir no espaço público e influenciar decisões. Não é por acaso que os media vão repetindo que todos os candidatos que o super-mega-planetário-grupo de Murdoch apoiou ganharam as eleições. Compreendido?!    

Tentarei voltar ao assunto um dia destes.
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