Comentadores, especialistas e independência dos media

Problema prático de jornalismo e de cidadania: sempre que um jornalista recolhe uma opinião de um especialista ou cede o espaço a um comentador, é lícito (é exigível?!) apresentá-lo com a identificação das suas opções ideológicas, a par das suas credenciais técnicas, científicas e profissionais?
Por exemplo - e quem dá este exemplo poderia dar outro -, quando se dá a palavra a um fiscalista para comentar uma medida fiscal do Governo, não se deverá indicar se o mesmo é da zona liberal, se é mais ou menos próximo da área do Governo, se é de Esquerda ou de Direita? Ou bastará dizer que é fiscalista e deixá-lo falar, percebendo logo os ouvintes, os espectadores e os leitores em que águas navega? E se se puser a falar apenas este - ou quem diz este, diz um que pense da mesma maneira -, ou porque não se teve a sorte, ou não se porfiou o suficiente para encontrar outro que seja de área diferente?
Este debate ainda vai nos bastidores mas talvez seja inevitável fazer-se abertamente, em nome da independência dos media e em nome de uma cidadania informada. A menos que deixemos alimentar a desconfiança ou pretendamos ajudar a alimentar o tráfego nos motores de busca à procura de quem-é-quem, sendo certo que certas descobertas ajudam a alimentar ainda mais a suspeição.
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