O bruá mediático e político que falta no caso Bairrão

Noutros tempos, nada recuados, o caso da investigação das secretas portuguesas ao ex-futuro-secretário de Estado Bernardo Bairrão noticiada pelo "Expresso" teria merecido um justificado e imenso bruá mediático e político muito mais ruidoso do que aquele que tem sido registado nestes dias e não teriam faltado propostas de criação de uma comissão eventual para uma investigação parlamentar, etc., etc., etc...
O "Expresso" noticiou e mantém - pela voz do seu director, Ricardo Costa, que é aliás co-autor da peça em causa - que o primeiro-ministro pediu elementos aos serviços de informações (diga-se: serviços secretos) sobre as actividades e negócios de Bernardo Bairrão. Por seu lado, o Governo - pelas vozes do próprio primeiro-ministro e do ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares - nega tal coisa.
Ontem, o deputado socialista Vitalino Canas "admitiu questionar o Governo" e, hoje, o presidente do Conselho de Fiscalização de Informações da República Portuguesa (CFSIRP), Marques Júnior, disse ao "Público" (edição em linha) ter recebido garantias dos directores dos serviços secretos de que tal coisa não aconteceu.
Pondo a minha costela corporativa de lado (enfim, um jornalista com os créditos de Ricardo Costa e um semanário com a credibilidade e o prestígio do "Expresso" devem bastar-me), sempre me parece estranho que "a coisa" tenda a morrer por aqui. 
E mais estranho ainda que o maior partido da oposição em número de deputados pareça rendido ao inevitável e confortável silêncio da República sobre factos que reclamam uma averiguação clara e transparente de um "incidente" grave. Note-se: o senhor deputado Canas "admitiu"; não anunciou o óbvio: uma vigorosa averiguação, já!
E suponho que não é necessário explicar por quê...

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