Sobre um eventual referendo

Mais de 90 mil pessoas foram mobilizadas, pelos vistos num "tempo recorde" de três semanas, segundo a imprensa, para subscreverem uma petição à Assembleia da República, com vista à realização de um referendo sobre a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
As pessoas que animam esta iniciativa e os cidadãos que a subscrevem têm todo o direito a ter uma opinião, a expressar uma posição sobre um assunto como este e a transmiti-las ao poder político e em particular aos grupos parlamentares.
Mas já me preocupa que pretendam tornar o poder legislativo refém de um eventual referendo sobre uma matéria que requer uma decisão parlamentar clara, sem ambiguidades nem desculpas. O primeiro referendo sobre a descriminalização da interrupção voluntária da gravidez e o único sobre regionalização já serviram de exemplo.
Eu gostaria que todos os deputados tivessem a coragem de decidir se sim ou não legislam sobre o assunto, arrumando-o de vez e assumindo as consequências políticas das suas decisões.

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