A Venezuela na AR: oportunismo e provocação
A Assembleia da República
discutiu, nesta semana, várias iniciativas sobre as eleições na República
Bolivariana da Venezuela, a partir de um projecto de Resolução apresentado pela
Iniciativa Liberal com a pretensão de que o Governo português “reconheça
Edmundo González Urrutia como novo Presidente da Venezuela”.
Para além da importante, clara e
inequívoca posição do PCP sobre esta matéria, mais uma vez expressa, nesta ocasião
através da intervenção da presidente do seu Grupo Parlamentar, Paula Santos, é de assinalar o ruído
mediático em torno do sentido de voto designadamente do PSD e do PS em relação
ao projecto da IL, mas sobretudo a forma como o objecto desta iniciativa foi
truncado nas notícias.
Mais do que impor um resultado eleitoral (“Parlamento rejeita reconhecimento de Edmundo González como vencedor das eleições venezuelanas”, lê-se nas notícias, contaminadas pela tentação da simplificação traiçoeira), a IL pretendia:
i) comprometer o PSD, o PS e o Governo com uma posição que tem a obrigação de saber muito bem que Portugal não poderia sustentar no estrito plano da diplomacia bilateral (relações Estado a Estado) e
ii) aproveitar mais esta oportunidade para atacar o PCP e tentar fragilizar a sua inquebrantável coerência.
Além de mais uma provocação gratuita ao PCP, a iniciativa da IL traduz um oportunismo irresponsável. Se algum dia aspirar a ser Governo, já sabemos com o que contaremos.