Demagogia e sobranceria

O presidente da Comissão Liquidatária dos Serviços Públicos de Comunicação Social*, Miguel Relvas, levou hoje longe de mais a demagogia do Governo relativamente à RTP e à Lusa, ao tentar comparar os custos da primeira com os custos de hospitais de capital importância (de Santa Maria, em Lisboa, e de S. João, no Porto), e ao valorar as transferências do Estado para a segunda.
Pelo caminho, ao responder, na Comissão para a Ética, a Sociedade e a Cidadania da Assembleia da República, a uma pergunta de uma deputada da oposição** sobre se tem condições para liderar o processo de privatização da RTP, o ministro evidenciou uma intolerável sobranceria ao responder-lhe que não foi a ela nem ao respectivo partido que os portugueses escolheram para liderar tal processo.
A mim, que sou incompetente em Ciência Política, sempre me parece que os parlamentares foram todos escolhidos pelos portugueses que votaram, ainda que eu tenha pena que os resultados não fossem diferentes e que inúmeros portugueses não se tenham dado ao trabalho de ir fazer as suas escolhas nas urnas. Por isso são titulares de um órgão de soberania, aliás fiscalizador do Governo, merecedores - todos, independentemente da representatividade dos respectivos grupos parlamentares - do respeito dos titulares de outros órgãos.

OBS:
* Estou a parafrasear o deputado António Filipe, do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português, o qual, citado pela agência Lusa (essa mesma, que o ministro quer privatizar), acusou o ministro Relvas de "apresentar-se como liderando uma comissão liquidatária do serviço de comunicação social público".
** Refiro-me a Catarina Martins, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda    
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