Dia do Holocausto: Não lhes falta memória, falta pudor
Há 80 anos – passam hoje – o Exército
Vermelho, da União Soviética, libertou o sinistro complexo de extermínio nazi
de Auschwitz-Birkenau, na Polónia, revelando ao mundo os horrores nunca vistos
do assassínio metódico, impiedoso e em massa de milhões judeus, ciganos e
outras minorias, homossexuais, pessoas com deficiências, mas também de
militantes comunistas e de outros opositores ao nazi-fascismo.
No momento da libertação daquele complexo – o maior da rede campos de escravização e de extermínio nazi na Europa – , ocorrida na tarde de 27 de Janeiro de 1945, permaneceriam ainda
cerca de sete mil a oito mil vítimas (muitas delas crianças) de pelo menos 1,1 milhões (há quem refira 1,3 milhões) nos três campos de
concentração que o compunham.
Na marcha libertadora empreendida
pelas forças soviéticas até à conquista de Berlim, a capital do nazismo, com a
rendição incondicional das tropas do III Reich, em 9 de Maio desse ano, depois
das duras batalhas de Moscovo, Estalinegrado, Kursk, Dniepre ou Leningrado (só
esta resistiu a 900 dias de cerco nazi), o Exército Vermelho libertou ainda
muitos outros campos de concentração e inúmeras localidades.
No dia em que se assinala a Memória
do Holocausto, com o qual o nazismo capitaneado por Adolf Hitler, mas na realidade
ao serviço dos poderosos interesses de grandes empresas que exploraram a
mão-de-obra escrava em campos de concentração e nas suas fábricas e outras
unidades, deixou a Europa juncada de milhões de mortos, não podemos dizer que o
genocídio é prática do passado.
O programa de “limpeza” da Faixa de Gaza, para usar a expressão odiosa de Donald Trump, consumando a expulsão do povo palestiniano da sua própria pátria, não faz tremer nem o regime sionista que impera em Israel, nem parece perturbar os aliados dos Estados Unidos na Europa e noutras partes do mundo.
Não lhes falta memória; falta pudor. Não há nos seus
dirigentes um pingo de decência nem de humanidade.
(Foto de crianças libertadas do campo de concentração de Auschwitz. Crédito: Getty Images)