Venezuela: Um apelo que é preciso escutar

A relatora especial da ONU para os Direitos Humanos, Alena Douhan (foto da AVN)

Passou mais de um dia sobre o apelo lancinante da relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Alena Douhan, para que cessem as sanções à Venezuela e que países como Portugal descongelem recursos do Estado venezuelano, sem que tenha ocorrido qualquer sobressalto na chamada comunidade internacional.

Numa conferência de imprensa em Caracas, após duas semanas de trabalho no terreno, incluindo reuniões com o Governo e com forças sociais e partidos oposição, Alena Douhan salientou que as sanções, o bloqueio económico à Venezuela e o congelamento de recursos “exacerbaram as calamidades” e “limitam o direito à vida, à educação, comida e medicamentos”.

Segundo a notícia do diário El Universal, que não é propriamente chavista, a relatora especial da ONU afirmou que as medidas coercivas impostas pelos Estados Unidos e pela Europa desde 2017 travaram o desenvolvimento do país porque reduziram as receitas do Estado, especialmente da venda de petróleo, em 99%.

Em consequência, os 76% da receita afetados a projectos sociais estão limitados a 1%. “O endurecimento das sanções minou o potencial impacto das reformas (económicas), assim como a capacidade do Estado para implementar projectos sociais”, comentou.

"Insto os governos de Portugal, Reino Unido e Estados Unidos, e os bancos respectivos a descongelar os ativos do Banco Central da Venezuela para a compra de medicamentos, vacinas e alimentos, equipamento médico e de outro tipo, peças de reposição e outros bens essenciais para garantir que sejam satisfeitas as necessidades humanitárias do povo venezuelano", disse citadapela agência de notícias Lusa.

No caso português, estão em causa "mais de 1 500 milhões de euros bloqueados no Novo Banco", que o ministro venezuelano dos Negócios Estrangeiros, Jorge Arreaza, assegura estarem "destinados à importação de medicamentos, vacinas, alimentos, matérias-primas industriais, sementes e fertilizantes", materiais hospitalares e outras despesas vitais.

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