“Avante!”: 90 anos de resistência
O jornal Avante!, órgão central do Partido Comunista Português (PCP), completa hoje 90 anos de publicação, sendo um exemplo extraordinário de coragem e tenacidade no combate contra o fascismo, mas também de resistência mesmo em democracia.
O primeiro número do Avante!, o jornal que, mesmo a nível
internacional, mais tempo durou e resistiu nas dificílimas condições da
clandestinidade (mais de 43 anos!), saiu pela primeira vez em 15 de Fevereiro
de 1931, tendo desempenhado um papel essencial na informação e propaganda do
PCP e na organização das lutas operárias.
Mas foi também um instrumento
único para furar o cerco da censura férrea à imprensa, que não podia (e nalguns
casos também não estava interessada) noticiar (e contribuir para organizar) inúmeras
greves e lutas dos trabalhadores, e muito menos as posições dos comunistas –
incluindo o conteúdo dos congressos (clandestinos) do PCP.
Como ouvi várias vezes José
Casanova (antigo director) dizer, não seria possível hoje reconstituir muitos
desses acontecimentos se o Avante!,
redigido, composto e impresso nas mais difíceis e inimagináveis condições, não
os tivesse relatado.
Também hoje, o Avante! continua a ser um órgão de
informação indispensável ao conhecimento das propostas, posições e iniciativas
do PCP que os meios dominantes omitem, mas também das lutas e realizações dos
trabalhadores e das suas organizações tantas vezes silenciadas.
Não é por acaso – é da sua
natureza de classe! – que o Avante! é
o único jornal português publica semanalmente uma secção de várias páginas
justamente chamada “Trabalhadores”.
Criado no contexto da
reorganização do PCP encetada em 1929, dirigida por Bento Gonçalves, o jornal sofreu
as consequências da violenta repressão, conseguindo estabilizar a publicação
com a reorganização de 1940/41. Entre Agosto de 1941 e o 25 de Abril de 1974 teve
a publicação assegurada regulamente, sempre composto e impresso dentro do país.
“A história do Avante! é a história de numerosos
comunistas que, ao longo dos anos, entregaram toda a sua vida à causa operária,
de homens e mulheres que passaram dezenas de anos na clandestinidade, de muitos
outros que, por imprimirem, distribuírem ou lerem o Avante! foram presos, torturados e condenados”, como bem sintetizou
Álvaro Cunhal, citado
nesta evocação da efeméride.
O valiosíssimo espólio de combate
está disponível ao público no arquivo em linha “Avante! Clandestino”.