Diário Off (1)
Lay-off. Grafa-se
em itálico e leva hífen. Escapou do reduto lexical exclusivo de juristas,
dirigentes patronais e sindicais em que vivia, e irrompeu com toda a força no
quotidiano jornalístico, chegou ao vulgo e anda na boca de toda a gente – uma espantada, outra aflita.
Não há dia sem um ror de notícias em abundantes referências
ao termo. Na Internet, engrossam uma torrente inesgotável e avassaladora, estimada
em pelo menos 713 milhões de “entradas”, segundo me devolveu há minutos o mais
popular motor de busca.
Com estas e com outras, lay-off
rivaliza com coronavírus, pandemia e Covid na disputa pelo título de palavra do
ano. O dicionário em linha da Porto Editora já registou o neologismo, no caso,
incorporando directamente um estrangeirismo.
Significa – abreviemos – a suspensão ou a redução do horário
de trabalho, que é como quem diz cortar no rendimento de quem trabalha. Mais de
um milhão de trabalhadores foi já atingido e a ameaça intensifica-se. Tal como
a de mais desemprego, agora e depois.
Falta acertar as contas finais, quando isto passar. É
sabido: o capitalismo gera crises para reestruturar-se e aumentar os lucros; e as que não produz, aproveita-as para o mesmo fim. Veremos como ficará, depois disto tudo, a
distribuição da riqueza.