Notas de campanha (9)

Acção de rua em Avintes. Foto: CDU-Distrito do Porto

1. Do medo. No dia da entrada em vigor das novas e gravosas alterações ao Código do Trabalho, a campanha privilegia redobradamente os contactos com os trabalhadores à porta das empresas. Em Gaia, um homem de meia-idade, sujo e cansado no final do turno da madrugada, aceita disfarçadamente o documento com os candidatos no distrito do Porto e as propostas da CDU. “Estão a ver-nos do escritório. Já sei que amanhã o meu chefe vem comer-me o cérebro.”

2. Da indecisão. Um jovem dirige-se apressado para o carro muito usado (“Precisamos muito, sabe como é, temos um filho pequeno.”), mas estaca para aceitar o documento. Fita-o. “Estou indeciso…” Desabafa sobre hesitações de voto e necessidades próprias. “Ganho o salário mínimo, a minha mulher também. Quando abro o frigorífico, penso que tenho de o encher. Há a casa, a criança… Para que chegam 1200 euros?” Vem a propósito a proposta da CDU de salário mínimo nacional para 850 euros.

3. Da esperança. “Era o que eu precisava!” Esta fala é de uma trabalhadora noutra fábrica à saída da jornada do dia. “Ainda hoje disse ai quem dera que o patrão nos aumentasse. Acham que o vosso partido vai conseguir?” Se ajudar a dar-lhe força…

4. Da luta. Estamos agora com os técnicos especializados do Ministério da Educação que lutam pela sua vinculação e que hoje se concentraram junto da delegação do Porto da Direcção-Geral dos Estabelecimentos, exigindo a vinculação de todos – uma luta também do PCP e da CDU. “A um posto de trabalho permanente deve corresponder um vínculo permanente”, repete a Diana Ferreira.

5. Da firmeza. A tarde encaminha-se para uma pequena tribuna em Avintes. Num café, um velhote agita um panfleto e afiança a quem quer ouvir: “Eu cá sei muito bem o que quero, nunca fui indeciso!” Então no domingo… “Lá estou! Só se estiver doente - sempre são 90 anos - , e mesmo assim…”.
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