Notas de campanha (10)

Com a juventude nas ruas do Porto. Foto: CDU- Distrito do Porto

1. Distribuição de propaganda em Rio Tinto. À saída de um supermercado, uma senhora carregada de sacos não se faz rogada ao aceitar o documento da CDU. “Vamos ver se isto se resolve, que anda um bocado enrodilhado. Com o partido do Jerónimo vai lá!”

2. Animada arruada em Gondomar, com distribuição de documentos nas ruas e nas lojas, bombo e caixa na dianteira e bandeiras da CDU a sinalizar a “comitiva”. À entrada de uma delas, uma freira aceita, sorridente, o panfleto. “Claro que aceito, mas não votamos nos senhores”. Sorrindo sempre, leva as mãos ao hábito e enfatiza: “Não enganamos ninguém!”. À saída da loja ainda lá está, sem perder o sorriso quase gaiato. Despede-se: “Felicidades – e bons resultados!”.

3. Contacto com a população e distribuição porta-a-porta em Baguim. Uma mulher atira: “Esta campanha está um nojo; a única que se safa é a da CDU, que não anda a dizer mal de ninguém”.

4. Arruada com a JCP, no Porto, com saída do Jardim de S. Lázaro. Um grupo de turistas alemães surpreende-se com a sigla CDU, o tom das palavras de ordem que certamente não decifra, mas que lhe soa a algo de revolucionário e nada democrata-cristão. O símbolo do PCP nas bandeiras confundem-nos. A marcha rumo ao Passeio das Virtudes atravessa o coração da cidade gentrificada, ruas transfiguradas pela onda de bares e alojamentos e apinhadas de turistas, fotografando e filmando com avidez, perplexos com o vigor, a alegria e a firmeza das palavras de ordem da vasta comitiva revolucionária: “Taxar o capital é urgência nacional”; “Para os bancos vão milhões, prás escolas só tostões”, “Se cá nevasse, fazia-se cá ski, mas com o preço destas rendas não posso morar aqui!”…

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