Notas de campanha (12)

Nas pedreiras de Penafiel. Foto: CDU - Distrito do Porto

1. O dia derradeiro desta campanha começa numa pedreira em Penafiel. É justo e não é apenas simbólico. É o reconhecimento de uma luta do PCP e da CDU - o direito à reforma antecipada dos trabalhadores deste sector. O secretário-geral do PCP cumprimenta um a um os que aqui trabalham, interessa-se pelo que fazem, procura absorver tudo o que lhes explicam eles e o dono da pedreira. Explica depois, aos jornalistas, a importância desta actividade extractiva para a região e para o país (esta unidade exporta 90% da produção para a Alemanha). E salienta a importância da medida proposta pelo PCP e aprovada no Parlamento: é o pó que ingerem e inalam e esforço físico.

2. Os jornalistas estão mais interessados no prognóstico do jogo eleitoral, nos vaticínios das sondagens. Jerónimo de Sousa prefere aguardar o resultado do jogo no domingo. E vai dizendo que espera logo à tarde uma boa sondagem na arruada do Porto.

3. Almoço de mais de uma centena de mulheres apoiantes da CDU, com lotação esgotada há que dias. Diana Ferreira faz o primeiro discurso. Que, sim, na lista da CDU no distrito 50% dos candidatos são mulheres (já agora, dos quatro primeiros, três são mulheres), mas que não é a imposição de quotas que resolve o problema. O que é preciso, dirá depois Jerónimo, é fazer "cumprir os direitos das mulheres na lei e na vida". Já agora: não, não vamos em modas - e aqui regressamos à Diana - com a treta da erradamente chamada legalização da prostituição: "não podemos transformar os proxenetas em empreendedores".

4. Magnífica arruada no Porto, ao final da tarde, da Praça da Liberdade a Santa Catarina, interrompida amiúde por anónimos que vão abraçar e beijar o Jerónimo, à cabeça de uma massa alegre e colorida (de manhã, um jornalista pedira ao secretário-geral do PCP um comentário sobre a "campanha cinzenta"), saudando-o pela luta. "Estou aqui desde as duas da tarde. Tinha mesmo de ver o meu camarada, dar-lhe um abraço", justifica uma mulher com a idade pontada na cabeleira espessa, meio século de trabalho nos antigos Telefones de Lisboa e Porto, prisões e porrada negra na PIDE.

5. Agora, corre, alegre e fraterna, em Gondomar, a festa de fim de campanha. Basta uma guitarra e uma camaradagem sem limites. É por isso que somos quem somos.
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