A tripla redução da retribuição do trabalho

A tróica internacional lá veio fazer a segunda avaliação do programa de esbulho dos portugueses e destruição da economia celebrado com a tróica nacional. 
O PS bem anunciou que iria encontrar-se com o trio CE-BCE-FMI para "suavizar os sacrifícios das famílias e das empresas", mas o certo é que a tróica lá foi deixando bem claras as suas consignas, prosseguindo sua pressão para o aprofundamento das reformas estruturais (especialmente na legislação do trabalho), que o Governo obviamente aceita, propondo-se até ir mais longe. 
A "novidade" de ontem é a redução dos salários também dos trabalhadores do sector privado, a fim de "melhorar a competitividade", como se os rendimentos reais não estivessem já a ser reduzidos.
Os patrões lá vão reagindo, noticiam hoje os jornais em linha, notando que, por ora, o que eles querem mesmo é aumentar a jornada de trabalho - para aumentar a produtividade, argumentam. E, lá no fundo, lá no fundo, andarão bem satisfeitos com o recado da tróica.
Se não arredamos caminho, vão ver que o patronato há-de ter os dois presentes de uma assentada - redução dos salários e aumento da duração do trabalho. O que redundará numa fórmula tripla de redução da retribuição do trabalho (valor do salário base + valor da retribuição do trabalho suplementar, eliminado + valor da retribuição horária do trabalho prestado).
Efeitos: Primo - Teremos um exército de trabalhadores empobrecido, seguramente mal alimentado, doente e seguramente pouco produtivo; Secundo - Afinal o Estado, que tanto precisa de receitas, dizem eles, ver-se-á privado das contribuições fiscais e para a segurança social proporcionais às reduções das retribuições, ao mesmo tempo que será confrontado com o severo agravamento de encargos com a saúde e as prestações sociais.
Ou estarei a ver mal a coisa?
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