Notas de pré-campanha (4)
Segunda-feira – A jornada do dia começa na feira semanal de Santo Tirso, entre queixas contra a chuva, que mantém afastados ainda mais clientes do que os poucos que se deslocam à solução provisória na zona de Geão, enquanto decorrem as obras no velho recinto, e contra a falta de dinheiro no bolso dos clientes. "Melhores salários!"; "Isso é!" O estribilho repete-se à porta das fábricas onde nos encontramos com trabalhadores em Freamunde e as lojas do centro comercial de Paços de Ferreira. Também aqui recebemos o eco da mensagem que nos tem acompanhado: é preciso garantir o encerramento ao domingo!
Terça-feira – Da feira do Marco de Canaveses, onde passámos boa parte da manhã em contacto com os comerciantes e a população, posso contar o caso que segue. Um senhor a quem oferecia um panfleto da CDU respondeu-me: "Aceito por causa da guerra". E logo: "Vai ser terceira vez que voto na CDU… É a força que tem a única posição justa, e uma posição coerente, sobre a guerra na Ucrânia". O amigo, com quem trocaria impressões certamente importantes sobre as coisas da vida, aquiesceu: "É a da defesa da paz". Lembro-me destas palavras e do seu valor, ao final da tarde, com o auditório da Junta de Freguesia de Ermesinde cheio, na apresentação das 16 medidas urgentes para o distrito do Porto que a CDU se compromete a apresentar nos primeiros 100 dias da legislatura. A coerência e a coragem têm um valor muito elevado.
Quarta-feira – Mesmo com muita e copiosa chuva como a de hoje, com comerciantes encharcados desde madrugada e à míngua de clientes ("Vamos lá a aumentar os salários e as reformas!"), e apesar das insuficiências na reabilitação do recinto, lá estivemos na feira semanal dos Carvalhos, em Vila Nova de Gaia. Sabemos do que falam e do que se queixam. Como sabemos o que reivindicam os trabalhadores e a razão que lhes assiste, como pudemos afirmar junto do piquete de greve na Teijin, em Leça do Balio, Matosinhos, que exigem respeito e se batem pela negociação de melhores condições. O dia terminou da melhor forma no Padrão da Légua, em Matosinhos, com animada acção de contacto com a população e os comerciantes da zona. Também eles sabem do que lhes falamos – e falamos dos seus problemas e anseios. Confirma-se o acerto do slogan desta campanha: "A tua vida importa, o teu voto conta".
Quinta-feira – Dia longo, mas gratificante. A partir das cinco da manhã, contacto com os motoristas da STCP que vão pegar ao trabalho com os autocarros na central da Via Norte; seguem-se os trabalhadores no Aeroporto do Porto. Num e outro locais, vêm à conversa os baixos salários, a precariedade, os horários pesados, o regime duro do trabalho por turnos e nocturno, os problemas de higiene, saúde e segurança, a dependência de duplo emprego. Problemas e queixas que se repetem, com as devidas adaptações, nas ruas de Felgueiras, onde chegamos ainda de manhã, para conversas com transeuntes e comerciantes e ainda a tempo do cheirinho a Pão-de-Ló. Ao almoço, contacto e conversa com trabalhadores da Câmara Municipal do Porto, na cantina do Carvalhido, sobre as condições de trabalho na Administração Local. A tarde prossegue com uma jornada de contacto com a população na zona do Carvalhido, propondo e ouvindo. "Não se esqueçam de nós!", pede uma idosa, com uma vida inteira resumida a uma reforma de miséria.
Sexta-feira – A feira de Vila do Conde é um regalo de produtos frescos da região ("São de Belinho, senhor, há lá melhor?!") e das mais diversas proveniências os outros, destinados a servir a cidade e arredores. Com sacrifícios muitos, já se vê, sobretudo quando "S. Pedro" ajuda pouco e os comerciantes secam no corpo a chuva grossa que os acompanham na montagem de bancas e toldos. "Uma vida inteira nisto, se não é chuva, é frio, se não é frio, é calor – e pesado! Quando é que posso reformar-me?", queixa-se o feirante. Interpelação justa, esta. Para que se saiba: a CDU defende a reforma sem penalizações com 40 anos de descontos. "Ah!, isso já me parece bem!"
Sábado – Amarante é sempre um encanto – até com chuva! – e este sábado pascal, com o sol sorrindo entre aguaceiros, acolheu com a simpatia habitual a acção de contacto com a população e os comerciantes. "Boa sorte nos votos e boa Páscoa!". Saudações assim, entusiasmam, apesar da toada "Está mal, não há dinheiro…". Ora cá está: melhores salários, melhores reformas, mais dinheiro nos bolsos dos clientes, mais clientes a entrar, mais mercadoria a sair. Em Penafiel, onde o céu se despejou sobre a equipa de contacto, de fugida entre beirais e toldos amigos, a queixa e a proposta também se cruzaram. "Sim, é preciso! Vamos ver se a CDU cresce!".
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Foto da semana – Imagem do piquete de greve na Teijin, uma fábrica de componentes automóveis cujos trabalhadores lutam pela valorização dos seus salários.
