Notas de pré-campanha (5)

Segunda-feira – A trintena de pessoas que se aglomera junto da paragem do Metrobus Casa da Música, umas com bandeiras da CDU, outras observando, desperta a atenção dos transeuntes na Avenida da Boavista. Nisto, duas senhoras aproximam-se da equipa da campanha. "A que horas é que passa o próximo?" Nem de propósito: a primeira acção da CDU, uma tribuna pública, destinava-se, precisamente, a alertar que o Metrobus está atraso desde Setembro de 2024 e a denunciar os milhões de euros enterrados numa solução errada para a mobilidade. De seguida, nas ruas de Fânzeres, a exigência do aumento dos salários e pensões ("o dinheiro não chega a meio do mês!" e a preocupação com a falta de vagas para creches (bem faz a CDU em propor uma rede pública) dominam os contactos com a população. O dia acaba com uma demorada visita e contacto com os moradores do Bairro da Gandra, em São Pedro da Cova, com as obras de reabilitação das casas e das ruas paradas há anos. "Era bom que a freguesia fosse outra vez da CDU! Estamos abandonados!"      

 

Terça-feira – A Rua de Afonso Henriques, na Areosa, Gondomar, é cada vez menos o festim animado de compras de outros tempos. "Não há dinheiro…" É um lamento, uma verdade, constante na boca dos comerciantes. A ideia de valorizar salários e reformas colhe simpatia. "Deus o oiça!" Mas é preciso votar na CDU… "Deus o oiça!" "Vamos lá ver se desta vez…" Uma cliente mete o bedelho: "Eles prometem todos, mas chegam lá… São todos iguais!" Pois prometem, mas o PCP faz as propostas e os outros votam contra – já vê que afinal não somos todos iguais. No Parque Operacional da Câmara Municipal de Gondomar é a hora da chegada das equipas de trabalhadores da via pública para o almoço. Um deles aponta "o problema da habitação: é preciso usar os prédios abandonados". É precisamente uma das medidas propostas pela CDU. "Boa!". Nas ruas de Matosinhos, contacto intenso com a população, nas ruas e estabelecimentos comerciais, em torno dos seus problemas. De onde a onde, vem a dúvida: "Sim, temos de aumentar os salários, mas há dinheiro?" Há dinheiro (os salários só pesam 14% nos custos das empresas) e haverá mais consumo. Ao final da tarde, encontro com trabalhadores à saída de uma fábrica de conservas. Temas obrigatórios de conversa: valorização do pescado português, melhores salários, redução dos horários de trabalho. "Claro que chega para todos!", sorri a operária.   

    

Quarta-feira – A feira de Baião encavalitada na encosta de Campelo está alegre. Mais pela conversa e convívio entre conhecidos do que pela vitalidade dos negócios. Como correm? "Então não vê, vão bem…", ironiza um feirante. Depois a sério: "Já se sabe, não há dinheiro…" Então é preciso é preciso aumentar salários e reformas. "Acredita nisso?" Claro, estamos a trabalhar para isso; temos de trabalhar todos – e, no dia 18 de Maio, votar na CDU.  "Bem, vamos lá a ver se desta vez levam mais deputados, são bem precisos." No Centro de Saúde de Baião, há quem valorize a intervenção do PCP em defesa do reforço de médicos e outros profissionais e da garantia de funcionamento do atendimento permanente: "agora já está mais em ordem". À saída dos trabalhadores das Oficinas da Câmara Municipal do Marco de Canaveses, é expressivo o reconhecimento pela intervenção em defesa dos trabalhadores da Administração Local e da luta pela melhoria dos seus salários. Vamos ver se isto melhora? "Sim, mas é preciso terem mais força!" No centro da cidade, o acolhimento é afável e o desdobrável da CDU recebido com interesse. "Prometem isto tudo? Olhem que isto é difícil…" mas não é impossível e lá estaremos a fazer as propostas. "O pior é o voto dos outros…" A resposta replica-se noutras bocas à saída numa fábrica do sector funerário da zona, vai a tarde a cair. "Por isso é que importante terem mais deputados, já sei", concorda um operário.     

 

Quinta-feira – Na feira de Paredes, os inúmeros lugares de bancas vazios evidenciam o declínio. "Não vê que não há dinheiro, senhor?" O que fazer? Aumentar salários e pensões. Um idoso suspende o passo e atalha: "Sim, mas é preciso ver a Saúde. Os hospitais privados estão para aí a crescer, mas não é isso que resolve o problema, quando acaba o dinheiro, mandam as pessoas embora, só os públicos é que nos salvam". Por isso a CDU defende a valorização do Serviço Nacional de Saúde. "E é isso que é preciso, fazem bem!" O tema voltará neste dia quando, em Lousada, a dona de um minimercado partilha o drama de duas clientes, com necessidade de psicólogos para os filhos. "Nos serviços públicos de saúde não há, tem de ir à clínica privada duas vezes por mês – é um abalo nos ordenados, que já não chegam para nada!" De abalo nas contas nos fala a dona de uma sapataria: "sempre que vou buscar mercadoria, pago 12 euros, mas não posso reflectir isso nos preços, para não encarecer os sapatos". O PCP apresentou propostas para eliminar as portagens nas ex-SCTU, mas os outros votaram contra. "Ah! É pena…"       

 

Sexta-feira – (Sessão solene da Assembleia da República comemorativa do 51.º aniversário do 25 de Abril e dos 50 anos das primeiras eleições livres, para a Assembleia Constituinte.)     

 

Sábado – A velha Afurada piscatória e bairrista vai mudando. Acabou-se a lota, a pesca fraqueja, a marina de recreio disputa o cais. Já escasseiam os pregões no mercado e a feira semanal é uma sombra do que foi, até porque "não há dinheiro." Ao estribilho da queixa, responde-se com as mudanças que se impõem: melhores salários, melhores reformas. "Acha?! Todos prometem, mas depois chegam lá… são todos iguais". A CDU compromete-se a propor e propõe; já os outros votam contra: está a ver que não somos todos iguais! Uma comerciante toma o panfleto nas mãos com alegria sincera. "Este era o partido do meu pai – e é o meu; o meu voto é sempre certo!" A jornada da CDU deste dia acaba em Gueifães, na Maia, com uma tribuna pública sobre a situação dos serviços públicos, com destaque para a Caixa Geral de Depósitos, que encerrou, em Agosto de 2022, a sua agência local. Nesse ano, a CGD obteve 843 milhões de euros de lucro; em 2024, alcançou 1 735 milhões. Entre Dezembro de 2016 e Setembro de 2024, encerrou 205 agências no país e despediu 1 886 trabalhadores.   

 

Domingo – Magnífico almoço da CDU Gondomar, em São Pedro da Cova.

 

*

Foto da semana – Um apontamento do estado em que ficaram as ruas e as casas no Bairro da Gandra, São Pedro da Cova, Gondomar, onde as obras estão paradas há anos. A CDU faz mesmo muita falta às populações. 

Mensagens populares deste blogue

Incêndios: o pilar prevenção tem mesmo importância

Notícias da frente, que informação na retaguarda?

Riscos dos artifícios de ilusão da actualidade em televisão