O JN e a Trindade, confrades da comunicação



Passando hoje 32 anos sobre o meu primeiro dia de trabalho no “Jornal de Notícias”, estou a pensar que aquelas a que hoje chamamos “velhas instalações” do JN, construídas de raiz para o jornal (as segundas no Porto, depois das de “O Comércio do Porto”), tinham sido inauguradas havia “apenas” 18 anos.

Por outras palavras, a “torre do JN” domina a “baixa do Porto” há já cinco décadas. É um fósforo na história da cidade, é muito na vida de uma pessoa. Mas tem um peso institucional (do tempo em que as instituições da cidade tinham vida e influência…) e um significado muito grandes na memória do Porto, tanto no tecido cultural como na paisagem urbana.

Em redor da torre cinquentenária, a paisagem transformou-se, nalguns pontos quase radicalmente, mas nem em todos os casos funcionalmente. Veja-se o caso da estação da Trindade, que nesta imagem, dissimulada por um pano de árvores, quase a oculta.

De gare terminal do caminho-de-ferro em via estreita (linhas de Guimarães e Póvoa de Varzim), a Trindade passou a centro nevrálgico do sistema ferroviário ligeiro (metro) do Grande Porto e nele se recebem e dele partem gentes de “muitas e desvairadas partes” do Mundo.

Na realidade a transmutação física (arquitectónica) da Estação da Trindade não lhe alterou a vocação primeira que partilha com a “torre” vizinha: comunicar. Gosto de pensar que, também por isso, estes confrades deveriam ser vizinhos inseparáveis.

E penso sobretudo nisto quando recordo como, da varanda do jornal “O Primeiro de Janeiro”, no velho edifício da Rua de Santa Catarina, onde há quase 40 anos comecei este ofício, gostava tanto de observar o vaivém fervilhante de gente de incontáveis mundos e de achar que esse rio vital de humanidade nos inspirava e enriquecia. 

#JNnaPaisagemPorto
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