Sobre a mensagem do PR na noite pré-eleitoral

Alguns extractos da comunicação ao país do Presidente da República na noite de reflexão que antecede o dia eleitoral de amanhã e outros tantos comentários muito breves:

§ “Como é do conhecimento de todos, e ninguém pode negar esta realidade, foi mesmo necessário pedir ajuda financeira externa para que Portugal pudesse cumprir as suas obrigações para com os credores e para assegurar o financiamento da nossa economia.”
Como se sabe, nem todos os portugueses e nem todos os partidos consideram que fosse necessário pedir ajuda externa e, sobretudo, nem todos os portugueses e nem todos os partidos pensam que o que aconteceu foi uma “ajuda externa”.
§  “O Governo que resultar das eleições de amanhã terá a responsabilidade de honrar os compromissos assumidos, que são de uma grande exigência.”
E se, por hipótese de ruptura democrática, o governo que resultar das eleições considerar que simplesmente não tem de honrar compromissos de que a força que o forma, ou as forças que o integram, discordaram?
§ “Devolveu-se a palavra ao povo, e é ao povo que cabe manifestar a sua vontade soberana, para que se encontrem as soluções de governo necessárias nas alturas decisivas.”
Pois, precisamente!
§ “Neste tempo de grandes dificuldades, cada um de nós tem o dever de escolher, em consciência, o caminho que quer para Portugal.”
Por isso é que o Presidente da República não deveria dizer-nos que temos de escolher um governo que há-de, fatalmente, escolher o caminho que ele próprio aponta.
§ “Em democracia, a decisão do povo é soberana.”
Precisamente!
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