Ainda o Dia de Camões*, agora com jornalistas

A cobertura televisiva das cerimónias do 10 de Junho merece três notas muito breves.

A primeira, para referir o problema da tentação da simplificação do directo em televisão. Quando Cavaco Silva acabou de falar na cerimónia do meio dia, uma repórter da RTP disse que "a única" mensagem que o Presidente da República havia deixado para os políticos é que "não podemos falhar". De facto, deixou outras mais.

A segunda, para destacar duas perguntas - uma, de um repórter da RTP, que implorava a Pedro Passos Coelho qualquer coisa (cito de memória) como "Diga-nos só que herança de Portugal vai ter"; outra, de um repórter da SIC, que insistia com José Sócrates para que lhe dissesse "o que sentiu quando viu Passos Coelho e Paulo Portas à sua frente". Soa a excessivamente capciosa e parece demasiado preguiçosa.

A terceira, para observar que, perante o espectáculo inútil e improdutivo dos apertões entre jornalistas, seguranças, personalidades políticas e jornalistas que insistem em fazer-perguntas-porque-sim-mesmo-no-meio-da-multidão-que-se-acotovela, vai sendo tempo de reflectirmos sobre as figuras que fazemos. As mais das vezes são inúteis e parece que não nos damos ao respeito. 

Disse. E desculpem o desabafo.

*Está bem, é de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
.

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