Soberania sobre a palavra

O bloguer, comentador e deputado José Pacheco Pereira afixou ontem no Abrupto o que julgo serem as perguntas e respostas integrais a um inquérito feito, em Janeiro, a várias personalidades sobre a utilização da Rede pelos políticos.*
Não é a primeira vez que uma personagem da vida pública dá publicidade ao teor integral das perguntas que lhe foram feitas e das respostas que deu (ou escreveu) a jornalistas. O que tem vários significados possíveis, não necessariamente alternativos.
De todos os significados possíveis, há especialmente um que me interessa - o que tem a ver com a soberania sobre a palavra. A quem cabe - ao jornalista mediador do processo?, ou ao agente que profere uma afirmação, enuncia uma ideia, elabora um pensamento? E por que razões tal soberania é assim afirmada - por insatisfação com o espaço concedido ou com o tratamento jornalístico dado às respostas?, ou por necessidade de recentragem individualizada nas respostas?, ou por necessidade de recolocação das respostas no exacto contexto da formulação das perguntas (implicando uma sequência e uma lógica)?
O problema não é novo. Colocar-se-á mais vezes e teremos de viver com ele. 

* O caso é apontado como mero exemplo verificável e não envolve qualquer crítica ou apreciação sobre a conduta concreta de JPP, pois o que interessa é a reflexão que sobre o assunto possa ser feita.

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