Madeira: entre a guerra da comunicação e a luta com a Natureza

Vai grande a azáfama à volta de magnas questões como o número preciso de vítimas da catástrofe que enlutou a Madeira no passado sábado ou os danos à imagem do arquipélago que a tragédia e a respectiva cobertura jornalística estejam a causar.
O Governo Regional - ou, mais precisamente, o seu presidente - afadigam-se a tentar ganhar uma guerra de comunicação. Por um lado, centraliza(m) no(s) próprio(s) toda a informação (ver o exemplo de comunicado desta manhã) e nem os Serviços de Protecção Civil respondem aos pedidos de informações feitos pelos jornalistas. Por outro, insiste numa peleja infantil em defesa da marca turística que sustenta a maior parte da sua economia.
Já em 1989, por ocasião da maré negra que manchou as praias de Porto Santo, senti profissionalmente esse problema e a insistência não me surpreende. Mas o problema para os que terçam armas por tal desígnio supremo é que, hoje, a capacidade de recolher, processar e difundir informação sobre o que se passa (incluindo boatos e rumores...) é incomensuravelmente maior do que há duas décadas.
Os tristes acontecimentos do passado sábado, a percepção dos riscos muito clara nas populações madeirenses desde sempre e a evidente consciência das vulnerabilidades da ilha que as próprias autoridades têm só podem impulsionar mais acção para compreender melhor os riscos e agir na prevenção e na minimização das consequências de acidentes e catástrofes.
Essa capacidade de "lutar" com a Natureza interessará prospectivamente muito mais aos visitantes - mas desde logo aos madeirenses - do que o estafado e infantil esforço de conunicação para evitar "estragos lá fora".

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