Orçamento do Estado: o que está em causa na região*


Como a Conferência Nacional do nosso Partido reafirmou há uma semana, a intervenção institucional do PCP, nomeadamente na Assembleia da República, não sendo a única frente da sua acção, confirma-se como importante afirmação do enorme e dedicado trabalho colectivo, em defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores, do povo, do país e do interesse nacional, prosseguindo a defesa de uma política patriótica e de esquerda.

Em plena discussão do Orçamento do Estado para 2023, o Partido reafirma a sua capacidade de iniciativa e de proposta, respondendo, em inúmeras áreas, com a apresentação de medidas de enorme alcance, visando desde logo a urgente reposição do poder de compra e de combate à inflação, e combatendo as políticas e os compromissos de direita que empobrecem os trabalhadores, os reformados e pensionistas, as famílias e o país.

Coerente nas suas posições, o Partido desafia, na discussão deste Orçamento, o PS, mas também o PSD, a acompanhá-lo num conjunto de medidas e soluções de extraordinária importância para o distrito do Porto e a região, algumas das quais com dimensão estratégica nacional, como é o caso da Efacec, com instalações fabris nos concelhos de Matosinhos e da Maia.

Só há um caminho para preservar a empresa e colocá-la no lugar fundamental no cenário da indústria e do aparelho produtivo da região e do país: a renúncia do Governo à reprivatização de 71, 73% do seu capital, o controlo público da totalidade do seu capital e, portanto, da sua gestão, adoptando um plano de desenvolvimento, com a participação das organizações representativas dos trabalhadores, preservando e valorizando os postos de trabalho.

 

No domínio da Saúde, para o qual o Partido apresentou um plano plurianual de investimentos designadamente em hospitais e centros de saúde em todo o país, importa destacar, no distrito, a retoma do programa de remodelações do Hospital de S. João, num investimento superior a 73 milhões de euros, interrompido por falta de financiamento.

Com tanta bazucada de milhões e milhões de euros apregoada aos quatro ventos e prometida por António Costa às suas clientelas locais e regionais, está na hora de o PS acompanhar o PCP nas medidas que importam para as populações e que fazem a diferença na sua qualidade de vida.

 

No quadro das prioridades do nosso partido, saliente-se a construção do novo hospital da Póvoa de Varzim/Vila do Conde, com o objectivo de melhorar a assistência a uma importante e povoada zona do litoral, que aumenta largamente no período Verão, que o Governo teima em deixar para trás, porventura para, também aqui, continuar a beneficiar o negócio privado da doença.

Questionado pelo PCP na Assembleia da República sobre este assunto, o ministro da Saúde deixou claro que uma coisa são as obras de recuperação do Hospital da Póvoa, com as quais concorda mas que na verdade não paga, e outra é o novo hospital.

E este não é para construir, disse o ministro – e disse-o com todas as letras – , talvez para não perturbar os interesses da hospitalização privada naqueles dois concelhos e na vizinhança.

Há que responder com toda a firmeza – no Parlamento e nas ruas – exigindo a concretização do Hospital da Póvoa de Varzim/Vila do Conde e a ampliação das capacidades do Serviço Nacional de Saúde!

 

Camaradas e amigos,

Na saúde como na mobilidade e transportes, é na hora das decisões que se confirma a determinação do nosso partido e se testa a coerência das restantes forças, especialmente a que que suporta o Governo.

Na Área Metropolitana do Porto, verifica-se um amplo consenso, por exemplo, acerca da necessidade de eliminação nas portagens nas ex-SCUT (na A4, na A28, na A29, na A41 e na A42), quando se trata do mero debate de salão ou mesmo de fazer aprovar moções, quantas vezes por unanimidade, nas assembleias municipais.

Ora,

Neste debate do Orçamento do Estado, mais uma vez por iniciativa do PCP, o bloco central das contradições, que se tem furtado a agir de forma consequente no Parlamento, é novamente desafiado a acompanhar-nos numa medida de justiça decisiva para as populações e para a economia da região.

Mas, a par da eliminação das portagens, é essencial passar para a gestão pública as concessões do Norte Litoral, Costa de Prata e Grande Porto.

 

Na proposta de Orçamento apresentada pelo Governo, não há uma linha dedicada à concretização do IC35, há longos anos previsto na rede nacional de itinerários complementares e que é vital para o desenvolvimento dos vales do Sousa e do Vouga, ligando Penafiel a Sever do Vouga, tendo como pontos intermédios Castelo de Paiva, Arouca e Vale de Cambra.

Para além da nova ponte Hintz Ribeiro, em Entre-os-Rios, que substituiu a estrutura derruída no desastre de há duas décadas, está em curso um troço com uns insignificantes 1 500 metros. E pouco ou nada se sabe quanto à concretização dos 60 quilómetros em falta.

Pouco se sabe também sobre as prometidas linhas de expansão da rede do Metro para a Trofa; para Valbom, ligando ao centro de Gondomar; para Matosinhos Sul, a partir da linha do Campo Alegre; da linha das Devesas; dos prolongamentos da linha do Hospital de S. João para S. Mamede de Infesta e para a Maia.

Mas o PCP não desiste – e lá está, uma vez mais, a bater-se pela sua concretização, pelo direito das populações à mobilidade e aos transportes, à qualidade de vida, à redução do ruido e da poluição atmosférica.

 

O PCP não desiste – antes avança – com soluções, entre as mais de 400 propostas de alteração ou aditamento à proposta de Lei do Orçamento, as quais, aplicando-se a todo o país, têm também um expressivo significado na nossa região.

É o caso do programa de alargamento da oferta de habitação pública, em mais de 50 mil casas até 2026, como passo decisivo para debelar o gravíssimo problema de largas dezenas de milhares de famílias que vivem em condições indignas, em barracas, construções precárias e habitações degradadas.

Números publicados em 2018 pelo IHRU indicavam mais de cinco mil famílias em 14 concelhos do nosso distrito, mas são seguramente mais, muitas mais.

É o caso também do aprofundamento do programa de apoio à redução do tarifário nos transportes públicos, com a criação do passe metropolitano ou regional, com um custo de 20 euros, ou da sua gratuitidade para os menores de 18 anos, os estudantes e os maiores de 65 anos.

É o caso de um conjunto de apoios à agricultura familiar e à pequena agricultura, que desempenham um papel destacado na nossa região, designadamente no acesso a preços justos a adubos e rações e   outros factores de produção, bem como ao escoamento de produtos e aproximando-os dos consumidores, nos mercados e feiras e nas cantinas das entidades públicas.

É o caso dos apoios à pesca costeira e local, tão importante no distrito, como um plano de intervenção em portos e barras, o apoio à renovação de equipamentos de segurança e a revisão do fundo de compensação salarial para os pescadores.

É ainda o caso da gratuitidade, para todos os alunos do ensino obrigatório, das refeições nas cantinas, da distribuição de leite escolar e de fruta, bem como das visitas de estudo, medidas que sabemos de grande alcance numa região que produz muita riqueza, mas onde se acentua a pobreza.

De facto, enquanto a já de si grave taxa de risco de pobreza ou de exclusão social atingiu no ano passado 22,4% dos residentes em Portugal (mais de 2,3 milhões de seres humanos), no Norte foi de 25,8%, mais de um quarto da sua população, a mais elevada do território continental.

 

Camaradas e amigos,

Esta pequena amostra das propostas do nosso grupo parlamentar, que começaremos a defender na discussão e votação na especialidade a partir de segunda-feira, e às quais poderíamos juntar muitas outras nas áreas da educação e da cultura, por exemplo, demonstra a profunda ligação do nosso partido à realidade, o real conhecimento dos problemas das populações e os anseios dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas.

Mas também salienta o empenho determinado com que os eleitos do PCP, na Assembleia da República como nas autarquias, assumem os seus mandatos e honram os compromissos com os trabalhadores e o povo.

É com eles que estamos, com firmeza, determinação e luta – sempre e em quaisquer circunstâncias.

Porque este é o partido que, como proclama a nossa consigna, “Está contigo todos os dias”!


Viva a Juventude Comunista Portuguesa!

Viva o Partido Comunista Português!


* Intervenção no Comício do PCP realizado em Matosinhos

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