Pela paz, contra os silêncios, é urgente a inquietação dos democratas
Conheço há muitos o Conselho Português para a Paz e a Cooperação (CPPC), a sua actividade e muitos dos seus dirigentes e activistas e eu próprio já participei em inúmeras iniciativas, com intervenções em debates e encontros e sou, com muita honra, membro da sua Presidência.
Feita esta declaração de interesses, quero prestar testemunho público de profundo apreço pelo generoso empenho e pela abnegada militância pelas causas da paz, do desarmamento, da cooperação entre os povos, da resolução pacífica e negociada dos conflitos de todos quantos conheço, com natural destaque para a presidente da sua Direcção nacional, Ilda Figueiredo.
Com a profunda convicção de que é absolutamente imperioso travar o dramático curso da guerra na Ucrânia e dar uma efectiva, coerente e consequente oportunidade à paz, participei na magnífica jornada realizada pelo CPPC na Praça de D. João I, em substituição do Concerto pela Paz que habitualmente decorre no Teatro Rivoli.
Com a consciência de cidadão livre, protesto contra a censura imposta pelo presidente da Câmara Municipal do Porto à realização do Concerto pela Paz e deploro os argumentos caluniosos para justificar o seu acto.
Como cidadão preocupado com a larga passada de normalização de condutas que atentam contra direitos, liberdades e garantias, expresso também a minha profunda inquietação com o silêncio cúmplice e com a omissão do dever de "sobressalto cívico" a que se remetem muitos concidadãos.
Silencia-se ou relativiza-se hoje o comportamento de Rui Moreira, como se encolheu os ombros à censura do Estado Português e da União Europeia à televisão RT e à agência Sputink, como se ignorou cinicamente a suspensão de onze partidos na Ucrânia, como se faz vista grossa a tanta propaganda disfarçada de informação, ou como se permanece insensível aos gravíssimos riscos e penosas consequências da fúria armamentista e militarista que percorre os governos na Europa e as instituições europeias.