Descontracção e incêndios


Estou a pensar na despretensiosa imagem que registei, no domingo à tarde, em plena Serra da Freita, descendo para Arouca, como mero auxiliar de memória da tragédia que este Sol funesto (o termómetro mostrava 32 graus Celsius, se não me engano) atrás de uma gigantesca cortina de fumo prenunciava, ou que eu não sabia que estava acontecendo.
Deu-se o caso de, estando em passeio descontraído, ter decidido passar de Vouzela a Arouca, com destino ao Porto, por vias secundárias, a reabastecer a alma e a inteligência de país real. 
Por três ou quatro vezes, porém, fui obrigado a desvios e a procurar rotas seguras, fosse por ordem da GNR, fosse por algum conhecimento do terreno, fosse pelo precioso auxílio de mapas e GPS, fosse pelo "instinto" de algum modo treinado em décadas de caminhadas em montes e vales, fosse pelos conhecimentos e experiência do muito que tenho lido, ouvido, observado e escrito ao longo de mais de 30 anos, designadamente sobre Natureza, floresta e fogos florestais.
Ando a matutar nisto desde que, regressado ao país mediático, me inteirei da tragédia dos incêndios desse dia, do brutal preço em vidas e da imprudência que eu próprio cometi. Especialmente por esta, eu seria o último a pedir a demissão da ministra da Administração Interna.

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