Já não há vergonha
A leitura da Proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2014 e do respectivo Relatório é um exercício muito deprimente e angustiante. Na frieza objectiva das normas e das "fundamentações", confirma-se a crueldade das opções.
Este Governo e a maioria parlamentar que o suporta escolheram um caminho claro - o de sacrificar ainda mais os mesmos, incluindo os reformados e pensionistas, indiferentes à tragédia do sacrifício das suas esperanças, da sua sobrevivência e do futuro das suas famílias.
Mais deprimente ainda é assistir ao cortejo de justificações e desculpas, entre a gaguez comprometida e a sobranceria idiota, em que se têm desdobrado alguns membros dessa pandilha que gere as nossas vidas sem qualquer legitimidade política.
A mais irritante e a mais humilhantes de todas essas desculpas e justificações é a tão confortavelmente invocada "intransigência da troika" - ou do irrevogável protectorado - que, insatisfeita com a desonrosa capitulação, nos mantém cativos na nossa própria pátria.
Já não há vergonha.
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