Sobre as eleições na Venezuela

A propósito da excitação mediática que por aí vai, quanto às chamadas equipas de observadores eleitorais cuja entrada na Venezuela foi barrada "pelo regime de Maduro", talvez seja útil ter em conta que, entre as principais missões no país, reunindo mais de 900 observadores, está o Painel de Peritos da Organização das Nações Unidas (ONU), a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), Comunidade do Caribe (CARICOM), a União Interamericana de Organismos Eleitorais (ULOL) e o Centro Carter.

Não consta que se trate de organizações chavistas, ou, como agora se diz/escreve, “pró-Maduro”, ou “Pró-regime”.
É de recordar também, que, em 29 de maio, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) retirou o convite para observação à União Europeia, alegando que ainda se mantêm as sanções da UE contra a Venezuela, apesar dos evidentes passos dados a favor da realização de um processo eleitoral pluripartidário.
Talvez ajude ainda notar que, a despeito de os media portugueses insistirem na narrativa segundo a qual “as sondagens” (as, artigo definido = todas as sondagens) apontam a “vitória do candidato da oposição”.

Ora, as sondagens/estudos de opinião estão francamente divididas, segundo a síntese do Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica (CELAG):

- IMCO, Ideadatos, Insight, Paramétrica e Dataviva vaticinam Nicolás Maduro como claro vencedor;

- ORC Consultores, Datanálisis, Dataincorp e Meganálisis colocam à frente Edmundo González Urrutia, mas à justa.

Já agora, em relação às peças, como as da RTP, que tanto batem na tecla de a Venezuela ser rica em petróleo mas estar "na miséria", não seria de recordarem que nomeadamente as sanções e medidas antibolivarianas impostas pelos Estados Unidos privam o Estado venezuelano e os serviços públicos de 95% dos recursos e que as centenas de sanções da União Europeia contribuem para apertar mais o garrote?

(Foto: TeleSur)

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