Sobre novos passos no ascenso do fascismo

A sondagem que o Jornal de Notícias hoje publica, sobre as intenções  de voto em eventuais eleições legislativas nesta altura, sugere inúmeras possibilidades de reflexão sobre o presente político e o futuro não muito longínquo das decisões que os portugueses vão tomar.

Uma reflexão inevitável tem a ver com a irremediável reconfiguração do campo da direita, da qual emerge, surgindo despudoradamente à luz do dia a extrema-direita e a quinquilharia fascista longos anos acobertada nas fileiras do PSD e do CDS. Era ali que estavam não só os eleitores atuais e próximos do Chega, mas sobretudo os seus dirigentes.

Apesar de tudo, tem a vantagem para a chamada direita tradicional "democrática" de uma espécie de separação de águas, se acreditarmos que nela está interessada. A questão está, porém, em saber se genuinamente estava enganada ou se deu guarida estratégica aos fascistas que agora surgem de cara descoberta e agora assumem uma agenda revanchista.

Outra reflexão que importa fazer é sobre as condições que, em Portugal e na Europa, foram permitindo a normalização do fascismo e das suas diversas expressões, incluindo os discursos de ódio, o racismo e a xenofobia, o avanço da ofensiva capitalista, o ataque às  conquistas democráticas e a perseguição aos ideais progressistas.

Há uma certeza que deve animar-nos: por muito dura que seja a resistência, haverá quem resista. Serão, em primeira linha, aqueles que desde há um século não  viram a cara às adversidades nem à luta.

Não passarão!

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